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EDIFÍCIO MARA

São Paulo - SP 

Autor: Eduardo Kneese de Mello

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Edifício MARA. 
Data do projeto / inauguração: 1942 / 1944.
Localização/perímetro: Rua Brigadeiro Tobias, Nº 235 a 263, República, São Paulo-SP.
Autor do projeto: Arq. Eduardo Kneese de Mello.
Intervenções posteriores: colocação de grade na frente do prédio; fechamento de algumas varandas (balcões) com caixilharia de alumínio e vidro; fechamento em alvenaria do corpo construído na cobertura.
Tamanho do lote e área construída: 1.750 m² / 12.760 m².
Tombamento: resolução nº 29, CONPRESP, 2018 - processos administrativos no 2009-0.064.434-2 e 2017- 0.144.142-6.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

L’ARCHITECTURE D’AUJOURD’HUI. Edifice Mara à Sao Paulo. L’architecture d’aujourd’hui-Brésil, Paris, no 42-43, p. 55, 1952.
MELLO, Eduardo Kneese de. Edifício Mara. Acropole, São Paulo, Ano 7, n. 81-82, p. 282-283, jan. 1945.
REGINO, A. N. Eduardo Kneese de Mello, Arquiteto: Análise de sua Contribuição à Habilitação Coletiva em São Paulo. 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo. 2006.
REGINO, A.; PERRONE, R. Eduardo Augusto Kneese de Mello: sua contribuição para habitação coletiva em São Paulo. Risco (Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo - online), n. 9, p. 56-97, 1 jan. 2009.
REGINO, A. N.; SANTOS, A. P.; et. al. Arquitetura atribuição do arquiteto: Homenagem ao Centenário do Arquiteto Eduardo Augusto Kneese de Mello. São Paulo: Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, 2005.
SAMPAIO, M. R. A. (Org.). A promoção privada de habitação econômica e a arquitetura moderna, 1930 – 1964. São Carlos: RiMa Editora, 2002.
SILVA, E. P. Eduardo Kneese de Mello e o Edifício Japurá. 2003. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2003.
THOMAZ, D. Eduardo Kneese de Mello – documento. AU (Arquitetura e Urbanismo), São Paulo, n. 45, p. 80-88, dez. 1992 / jan. 1993.

SOBRE A OBRA

O edifício MARA projetado por Eduardo Kneese de Mello em 1942 foi o seu primeiro projeto com linhas arquitetônicas modernas. Nota-se, portanto, a preocupação do arquiteto em utilizar elementos que compunham o repertório deste movimento, especialmente aqueles vinculados aos cinco pontos da nova arquitetura difundidos por Le Corbusier, tais como: pilotis, janelas horizontais e terraço-jardim. 
Localizado no bairro da Luz, próximo à estação de mesmo nome e ao Anhangabaú, no centro da cidade de São Paulo, o terreno em que está implantado, na esquina das ruas Brigadeiro Tobias e Coronel Batista Luz, não apresenta grandes variações topográficas e possui medidas generosas, aproximadamente cinquenta metros de frente e vinte metros na lateral. 
De acordo com o projeto original, o edifício constitui-se de térreo, sobreloja, onze pavimentos tipo, casa de máquinas no último pavimento (MELLO, 1945). Foi aprovado para ser um hotel, com 224 unidades e restaurante no último andar. Este tipo de aprovação era uma forma de burlar a rígida legislação da época, o Código de Obras Arthur Saboya. Esse recurso foi utilizado para aprovar os banheiros, que não possuíam aberturas para o exterior, o que só era permitido para hotéis. Anos mais tarde, essa mesma alternativa foi utilizada em outros projetos, como o Edifício Montreal (1951), do arquiteto Oscar Niemeyer (REGINO, 2006).
O edifício foi construído no alinhamento do terreno, ocupando todo o lote, como um grande bloco maciço sem recortes em sua volumetria principal, voltada para a rua Brigadeiro Tobias. Essa volumetria robusta se dilui por meio do uso de pilotis no pavimento térreo, onde se encontram as lojas e a entrada do edifício. Como forma de dividir as funções do edifício, residencial e comercial, o arquiteto projetou uma marquise que cobre parte do passeio público. 
O pavimento tipo era constituído por 21 apartamentos, acessados por intermédio de dois elevadores sociais e uma escada; continha, ainda, copa, rouparia e banheiro. Estes serviços estavam localizados junto aos elevadores, sendo acessados, exclusivamente, pelo de serviço.
A maior parte dos apartamentos (quitinetes) têm uma planta muito simples, com aproximadamente 35m², possuem: quarto – sala, banheiro, armário embutido, guarda-malas, toucador, terraço e jardineira.  A ventilação e iluminação natural dos banheiros dessas unidades e do corredor central acontecem por meio dos poços de iluminação e ventilação. Os apartamentos localizados na fachada lateral são maiores, com área aproximada de 40m², contendo: quarto, sala, banheiro, armário embutido, balcão e jardineiras. Apenas os banheiros dessas unidades possuem abertura para o exterior. 
No último pavimento, estava previsto em projeto um restaurante, em uma construção recuada em todos os lados, criando uma espécie de terraço-jardim, um mirante, ao seu redor. A volumetria deste pavimento era muito simples, um grande retângulo suspenso por pilares, vedado em sua totalidade por esquadrias de vidro. 
As linhas horizontais se acentuam e marcam a fachada principal. A horizontalidade é definida pela presença das jardineiras e pela marquise que separam os usos do edifício. Não existem volumes, recortes ou saliências proeminentes; a presença dos pilares, recuados com relação às jardineiras, complementa o desenho, porém não se destaca. A fachada lateral, em oposição ao que acontecia na fachada principal, apresenta volumes salientes, os balcões e as jardineiras, responsáveis por sua volumetria marcadamente vertical. Ambas as fachadas eram revestidas por pastilhas cerâmicas na cor bege claro.
O último pavimento era marcado por linhas horizontais também, compostas por uma densa faixa revestida de pastilha que coroava o espaço do restaurante e um guarda-corpo vazado, que ainda existe. Finalizando o desenho do edifício, encontra-se a casa de máquinas e caixa d’água, em um volume retangular, sem qualquer expressividade.
Com relação aos princípios do Movimento Moderno, apesar de ainda incipiente, Kneese demonstrou sua preocupação com a unidade habitacional destinada às massas e, consequentemente, com a função social do arquiteto ao abordar, pela primeira vez, o tema da habitação mínima (REGINO, 2006)

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

A importância deste edifício encontra-se, justamente, no fato de ter sido o primeiro projeto de Eduardo Kneese de Mello vinculado aos princípios da Arquitetura Moderna. Foi o verdadeiro divisor entre as duas fases da trajetória profissional do arquiteto, configurando o momento em que repensou sua carreira, abandonando e repudiando toda sua produção anterior, repleta de residências ecléticas. Optou por ser um profissional preocupado com o alcance social de sua obra arquitetônica, engajado na defesa e divulgação dos ideais da verdadeira arquitetura, aquela que refletisse o seu tempo, a arquitetura contemporânea de cada época (REGINO, 2006)

SOBRE OS AUTORES 

Nascido em São Paulo no dia 4 de abril de 1906, Eduardo Augusto Kneese de Mello se formou engenheiro-arquiteto em 1931 na Escola de Engenharia do Mackenzie College. Ainda estudante participou de um escritório de topografia com os colegas Oswaldo Bratke, Oscar Americano e Clovis Silveira. Após a conclusão do curso, abriu o próprio escritório de arquitetura e construção, no qual projetou, quase que exclusivamente, residências unifamiliares ecléticas até meados da década de 1940. Após sua participação no V Congresso Pan-americano de Arquitetura (Montevidéu, 1940) passou a se dedicar aos projetos de edifícios comerciais, residenciais, educacionais e de saúde, além de conjuntos habitacionais públicos e privados. Esta nova etapa de sua vida profissional teve um caráter mais humano e social do que a primeira, deixando de representar os desejos de mercado das camadas altas e médias urbanas paulistanas, para atender à coletividade. Portanto, para Kneese, tornar-se moderno foi questionar-se qual seria a função social do arquiteto e o real significado da arquitetura, segundo o ideário do Movimento Moderno (REGINO, 2006). Foi um dos responsáveis pela criação do Instituto de Arquitetos do Brasil – departamento de São Paulo (IAB/SP), sendo eleito seu primeiro presidente em 1943. Teve uma proeminente carreira como docente, lecionando em diversas faculdades, públicas e particulares. Participou de projetos significativos como: Parque do Ibirapuera (junto com a equipe liderada por Oscar Niemeyer), Brasília, Conjunto Residencial para Estudantes da Universidade de São Paulo (CRUSP), INPS Várzea do Carmo e Maria Zélia, entre tantos outros.

Autores da ficha: Aline Nassaralla Regino, Maria Claudia Schalch Ferreira, Julia Snege, Marina Ribeiro, Thainá Castro

Data da ficha: Novembro de 2019

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