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ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS HELEN KELLER

São Paulo - SP 

Autor: Roberto Goulart Tibau e Aluísio da Rocha Leão

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos (EMEBS) Helen Keller/Instituto Municipal de Crianças Surdas.
Data do projeto/inauguração: 1959 / 1961.
Localização: Rua Pedra Azul, Nº 314 – acessos secundários: rua Ametista e rua Urubupungá. Parque da Aclimação, São Paulo-SP.
Autor do projeto: Roberto Goulart Tibau e Aluísio da Rocha Leão.
Intervenções posteriores: Instalação de cobertura na quadra; telhado de fibrocimento nos edifícios principais com bloqueio da iluminação zenital e ventilação cruzada das salas; intervenções internas.
Tamanho do lote e área construída: 14.780,85m² de lote e 4.800m² de área construída.
Tombamento: Conpresp 2018-0.010.126-7 / solicitante do tombamento: Departamento do Patrimônio Histórico (DPH)

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

ACROPOLE. Instituto Municipal de Crianças Surdas. Roberto Goulart Tibau e Aluísio da Rocha Leão, arquitetos. Acropole. São Paulo, Ano 23, n. 272, p. 276-279, jul. 1961.
ARQUIVO ARQ. Instituto Municipal de Crianças Surdas. Arquivo arq. Disponível em: <https://www.arquivo.arq.br/instituto-municipal-de-criancas-surdas>. Acesso em: 18 abr. 2019.
ARQUIVO ARQ. Roberto Tibau. Arquivo arq. Disponível em: <https://www.arquivo.arq.br/roberto-tibau>. Acesso em: 18 abr. 2019.
BASTOS, M. A. Junqueira. A escola-parque: ou o sonho de uma educação completa (em edifícios modernos). AU (Arquitetura e Urbanismo). São Paulo, n. 178, jan. 2009. Disponível em: <http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/178/a-escola-parque-ou-o-sonho-de-uma-educacao-completa-em-122877-1.aspx>. Acesso em: 22 mai. 2019.
CALDEIRA, M. H. C. Arquitetura para educação: escolas públicas na cidade de São Paulo (1934-1962). 2005. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2005.
CARRANZA, E. G. R.; CARRANZA, R. Roberto José Goulart Tibau. AU (Arquitetura e Urbanismo), São Paulo, n. 103, set. 2002. Disponível em: <http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/103/documento-23797-1.aspx>. Acesso em: 20 mai. 2019.
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. Roberto Tibau. 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa506215/roberto-tibau> Acesso em: 20 mai. 2019.
ENGENHARIA MUNICIPAL. Instituto Municipal de Crianças Surdas. Roberto Goulart Tibau e Aluísio da Rocha Leão, arquitetos. Engenharia Municipal. São Paulo, n. 13, p. 13-15, abr./jun. 1959.
ENGENHARIA MUNICIPAL. Instituto Municipal de Crianças Surdas. Roberto Goulart Tibau e Aluísio da Rocha Leão, arquitetos. Engenharia Municipal. São Paulo, n. 22, p. 24, jul./set. 1961.
FERREIRA, A. F.; MELLO, M. G. Arquitetura escolar paulista: anos 1950 e 1960. São Paulo: FDE, 2006.
SELMER JUNIOR, R. Roberto Tibau e o fazer arquitetura. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011.

SOBRE A OBRA

O Instituto Municipal de Crianças Surdas (1959) é um projeto de Roberto Tibau e Aluísio da Rocha Leão desenvolvido em uma fase avançada do Convênio Escolar, para a Comissão de Construções Escolares. Trata-se de um edifício que contém especificidades de programa por abrigar a escola bilíngue para surdos e o Instituto Helen Keller. O projeto foi concebido em dois blocos ortogonais. O acesso principal ao conjunto é feito pelo bloco frontal a partir da Rua Pedra Azul, no encontro exato da articulação entre os dois volumes. Neste ponto, um pequeno vazio originalmente descoberto, para onde convergem corredores e escadas, integra o edifício verticalmente. O pavimento térreo ocorre apenas neste bloco frontal e abriga o programa de uso comum: acesso, administração, sanitários e um galpão de recreação com 740m². Este espaço de convívio conecta-se a uma área externa ao fundo do terreno, com amplo espaço para atividades ao ar livre. No pavimento superior do bloco frontal ficam oficinas, auditório, biblioteca, sala dos professores, refeitório, assistência médica e dentária e um espaço dedicado à memória do Instituto Helen Keller. O pequeno trecho do bloco frontal, voltado para a Rua Ametista, contém ainda um andar inferior que originalmente continha três salas de pré-primário, um galpão de 100m² e sanitários. Atualmente, este espaço está cedido a uma associação. As 19 salas de aula ficam concentradas no volume posterior que, assentado diretamente sobre o terreno em aclive, conecta-se em nível, através de uma ponte, com o segundo pavimento do bloco frontal. 
Formalmente, os dois blocos ortogonais pouco se assemelham. Do bloco frontal, apreende-se um volume superior completamente destacado do pavimento inferior. Isso ocorre devido a alguns artifícios da estrutura em concreto armado. Primeiro, os balanços transversais que geram, no andar de cima, duas linhas de pilares recuados da fachada. A soltura do andar superior é acentuada pela geometria de seção prismática resultante da combinação das lajes inclinadas de cobertura com o afinamento das vigas de piso do primeiro pavimento na direção dos balanços. O efeito é reforçado com o alinhamento estratégico das lajes de forro do andar térreo em alguns pontos visíveis. Este volume superior é ainda fortemente arrematado nas empenas transversais e nos fechamentos longitudinais, dando-lhe certo peso na composição. Contudo, a sobreposição do volume suspenso a algumas paredes transversais em pedra contribui para a falsa impressão de que a massa construída está apoiada diretamente nestas poucas paredes, contradizendo a sequência de pilares. 
Segundo o memorial explicativo do projeto publicado na Revista Acrópole, o bloco transversal posterior com salas de aula foi projetado em função do conforto, considerando a iluminação e ventilação. Além de posicionado em face dos ventos dominantes de São Paulo, os arquitetos estabeleceram nos corredores um pé-direito mínimo com 2,25m para proporcionar uma escala agradável às crianças. Nas lajes de cobertura dos corredores, 200 pavês de vidro foram embutidos para proporcionar iluminação natural (ACROPOLE, 1961, p. 277). O rebaixamento do corredor central também propiciou iluminação e ventilação cruzada nas salas de aula, que têm pé direito mais alto e aberturas por cima da laje dos corredores, permitindo a renovação de ar de até 9 vezes por hora.
O complexo original conta ainda com um terceiro volume, pequeno e independente, que abriga a casa do zelador, com acesso independente pela Rua Ametista

 

Alterações da Obra:
Ao longo dos anos importantes alterações foram realizadas. Na parte externa, foi instalada cobertura com telha de fibrocimento em todo o prédio, com prejuízo da iluminação e ventilação inicialmente previstas em projeto; em 2016, a quadra poliesportiva foi coberta. Próximo à entrada secundária foi construído um anexo que, inicialmente, servia de abrigo para as mães das crianças que morassem longe da escola e, atualmente, funciona como uma cozinha experimental. Na parte interna, o vazio em torno do pequeno pátio de acesso ao edifício recebeu painéis de vedação; a área destinada a oficinas teve seu espaço reduzido consideravelmente para ampliação de sete salas de aulas e biblioteca. Para isso, foram inseridas no espaço divisórias de gesso acartonado.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

O Instituto Helen Keller é parte do conjunto de obras produzido na década de 1950 em São Paulo durante o Convênio Escolar, acordo estabelecido entre a Prefeitura e o Estado. Caracteriza esta arquitetura: a implantação de diferentes blocos articulados entre si, cada qual com especificidade formal correspondente ao programa que abriga; o uso do concreto armado em estruturas que oferecem pilotis, coberturas planas e amplas aberturas; o emprego de elementos vazados, brise-soleil, marquises e outros elementos associados à arquitetura moderna brasileira. Na arquitetura escolar paulista, são recorrentes longos pavilhões de salas de aula alinhados com corredores de circulação, complementados com volumes de destaque como auditórios, teatros, quadras e piscinas, uma vez que os programas das escolas se expandiram agregando usos culturais e esportivos, conforme o pensamento da época. O Instituto Helen Keller contém diversos elementos que podem ser incluídos nessa caracterização. Podemos citar: a implantação em dois blocos ortogonais em níveis diferentes do terreno, cada qual com parte específica do programa, articulados por uma ponte; a geometria peculiar da estrutura do bloco longitudinal, com lajes inclinadas e vigas que diminuem de seção conforme avançam os balanços; e o uso dos pavês de vidro embutidos nas lajes para iluminação.

SOBRE OS AUTORES 

O arquiteto Roberto Tibau teve sua formação no Rio de Janeiro, em período de intensa produção arquitetônica, a meados dos anos 1940. Posteriormente, atuou na equipe da Comissão do Convênio Escolar em São Paulo, contribuindo para vincular entre estes dois pólos de intensa produção arquitetônica. Nasceu em Niterói, em 9 de agosto de 1924. Filho de Julio Massiere da Costa Tibau e Noêmia Goulart Tibau, se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1948. Estagiou com Oscar Niemeyer, Aldary Henriques de Toledo, Álvaro Vital Brazil e Francisco de Paula Bolonha (Selmer, p. 21). Em 1949 mudou-se para São Paulo e iniciou sua vida profissional, onde fez parte do corpo de arquitetos do Convênio Escolar, trabalhando, no primeiro momento, ao lado de Hélio Duarte, Eduardo Corona e Oswaldo Corrêa Gonçalves e, posteriormente, ao lado de Aluísio da Rocha Leão, José Augusto de Barros Arruda, entre outros. Em 1957 passou a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e, a partir de 1978, integrou a comissão de Pós-Graduação da mesma Universidade, aposentando-se em 1987. De 1997 a 2001 voltou a lecionar a disciplina de projeto na Universidade São Judas Tadeu.
Aluísio da Rocha Leão nasceu em São Paulo, em 1926. Participou diretamente na Comissão Executiva do segundo momento do Convênio Escolar, ao lado de Roberto Tibau, Paulo Rosa, Antônio Carlos de Moraes Pitombo, entre outros. Além da atividade como arquiteto, Aluísio da Rocha Leão se dedicou às artes plásticas, especialmente à pintura (CALDEIRA, 2005, p. 106)

Autores da ficha: Maria Isabel Imbronito, Gabriela Gonsalves, Gabriela Dias e Leticia Francielly de Souza Pereira.

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