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ANTIGO FÓRUM DR. FRANCISCO MORATO

Piracicaba - SP 

Autor: Affonso Eduardo Reidy

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Antigo Fórum de Piracicaba, Piracicaba-SP.

Data do projeto / construção / inauguração: 1964. 

Localização:  Rua do Rosário, 781 - Centro, Piracicaba-SP

Autor(es)(as) do projeto: Arq. Affonso Eduardo Reidy.

Intervenções posteriores: sem modificações dignas de registro. O Fórum foi desativado em 1979. Hoje é um Posto Fiscal, mas já foram desenvolvidos nele outros usos.

Tamanho do lote e área construída: 1.410 m² / 2.600 m²

Tombamento: Codepac - Decreto n° 10.621 de 29 de janeiro de 2004 / solicitante do tombamento: Marcelo Cachioni.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

ARQUITETURA. Fórum de Piracicaba. Arquitetura, Rio de Janeiro, s/ ano, n. 30, p. 10 -11. dez. 1964.
BUZZAR, M. A. Relatório final FAPESP Difusão da Arquitetura Moderna no Brasil – O patrimônio arquitetônico criado pelo Plano de Ação do Governo Carvalho Pinto (1959-1963). Relatório final FAPESP, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015. 
BUZZAR, M. A; CORDIDO, M. T. R. L. B. Difusão da Arquitetura Moderna Brasileira. O Caso do Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo (1959-1963). In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 7., 2007. Porto Alegre; Anais. Porto Alegre: UFRGS, 2007. p. s/p
BUZZAR, M. A.; CORDIDO, M. T. R. L. B.; SIMONI, L. N. Pesquisa e Levantamento dos Processos Relativos aos Projetos e Obras dos Equipamentos Públicos Implementados pelo Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo (PAGE), gestão Carvalho Pinto (1959-1963), no Arquivo do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo - IPESP. In: SEMINÁRIO LATINO AMERICANO-ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO, 1., 2008, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: UFMG, 2008, p. 1-20.
CORDIDO, M.T.R.L. B., Arquitetura Forense do Estado de São Paulo: Produção moderna, antecedentes e significados, 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2007.
CORDIDO, M. T. R. L. B. Arquitetura forense do Estado de SP: Produção entre as décadas de 50 e 90 do séc. XX, sob a influência da arquitetura moderna. In: I ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE DO IFCH/UNICAMP, 2004, Campinas. Revisão Historiográfica o Estado em Questão. Campinas: IFCH UNICAMP, 2004. v. 3. p. 45-53. 
CORDIDO, M. T. R. L. B.; BUZZAR, M. A; SIMONI, Lúcia N. Arquitetura Moderna no Estado de São Paulo: Difusão e Dimensão Social Através de Equipamentos Públicos Produzidos pelo Plano de Ação do Governo Carvalho Pinto- PAGE- (1959-1963). In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE REABILITAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO E EDIFICADO, 12., Bauru-SP, 2014, Bauru. Anais do XII Congresso Internacional de Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e Edificado - Bauru, São Paulo: FAAC UNESP, 2014. p. 554-553.

SOBRE A OBRA

O edifício configura-se em uma grande “caixa cúbica” elevada, marcada pela repetição vertical dos brises de concreto, que dão ritmo às fachadas laterais. O elemento compositivo fundamental da obra é a grande caixa que por ser elevada adquire leveza propiciada pela estrutura concreto armado.
A fachada principal tripartida com vedação em cerâmica e pano de vidro central e aberturas nas laterais
Sua entrada principal está no nível acima da rua onde escadas de acesso dirigem para um átrio central de pé-direito duplo, centro de distribuição dos acessos internos que indica a comunicação e organização dos serviços do fórum.
A escada de acesso ao pavimento superior ramifica-se em dois lanços em balanço, engastadas no hall superior, ainda que os espelhos não sejam vazados, possui uma leveza estrutural acentuada que se articula ao princípio arquitetônico da obra.
Baseado na sua funcionalidade, serviços de acesso público mais intenso do fórum foram dispostos nas extensões mais largas do edifício. E por estarem nas faces que recebem maior incidência do sol, suas janelas foram protegidas por brise-soleils para manter seu conforto térmico. As lâminas verticais dos brises também funcionam estruturalmente como pilares, descarregando o peso da parte superior do edifício em fortes vigas longitudinais com apoios articulados e espaçados.
Seu projeto elaborou uma solução compacta, distribuindo o edifício em dois pavimentos (superior e térreo) e um semienterrado.
No primeiro pavimento foram localizados o júri e suas dependências (sala para testemunhas, sala secreta), os serviços de maior frequência de público como os cartórios de registro de imóveis e os tabelionatos. O salão do júri possui pé-direito duplo, que é aproveitado por um mezanino de acesso pelo segundo pavimento. As varas, compreendendo salas para juízes, promotores, testemunhas, audiências e respectivos cartórios, foram localizadas no segundo pavimento, que foi desenvolvido para acomodar três varas (cível, criminal e de menores), tribunal do júri, sete cartórios e três tabelionatos. Os arquivos dos cartórios e dos tabelionatos, bem como almoxarifado, celas para presos, depósitos e instalações diversas foram dispostos no pavimento semienterrado. As celas possuem entrada independente do edifício e acesso exclusivo para o salão do júri.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

Ainda que Reidy não tenha feito uso do concreto aparente nessa obra, sua solução remete a caixa estrutural, nesse caso que se ergue sobre o nível da rua, ainda que não se encontre solta, como no MAM, o grande volume elevado, em função da escadaria de acesso e da expressividade do ritmo dos brises das fachadas laterais, induz a uma leveza da edificação que contradiz a realidade da obra.
O Fórum tem uma grande particularidade, é a única obra de Reidy no Estado de São Paulo, justamente, o território, no qual o Brutalismo primordial do MAM, adquiriu grande desenvolvimento, juntamente, com as obras do Plano de Ação.  

SOBRE OS AUTORES 

Affonso Eduardo Reidy (Paris, França 26/01/1909 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 10/08/1964). Arquiteto, urbanista. Forma-se, em 1930, na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro. Ainda estudante, foi estagiário do urbanista francês Donat Alfred Agache (1875-1934) na elaboração do Plano Diretor da cidade do Rio de Janeiro. Em 1930, após a tentativa de reorientação moderna promovida por Lucio Costa (1902-1998) no ensino da escola, ingressa como professor na cadeira de Composição de Arquitetura. Em 1931, vence, com Gerson Pompeu Pinheiro (1910-1978), o concurso para a construção do Albergue da Boa Vontade, seu primeiro projeto construído, e uma das obras pioneiras do modernismo no Rio de Janeiro. No ano seguinte ingressa, por concurso, no serviço público, como arquiteto-chefe da Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras da Prefeitura do Distrito Federal. Lá permanece por 30 anos até aposentar-se no início da década de 1960, alternando os cargos de diretor do Departamento de Habitação Popular e do Departamento de Urbanismo.
Em 1934, realizando o projeto para a Escola Primária Rural Coelho Neto, trabalha em parceria com a engenheira Carmen Portinho (1903-2001), que se tornará sua companheira pelo resto da vida. Essa associação afetiva e profissional é definidora de seus rumos subsequentes, pois Portinho, além de ser uma técnica competente, é, como diretora da Revista Municipal de Engenharia do Distrito Federal, a principal divulgadora dos projetos modernos no Brasil, nos anos 1930 e 1940. Em 1936, Reidy integra a equipe que, sob a liderança de Lucio Costa, e a consultoria de Le Corbusier (1887-1965), realiza o projeto do Ministério da Educação e Saúde - MES, marco fundamental na história da arquitetura moderna brasileira.
Em 1944 vence, com Jorge Moreira (1904-1992), o concurso para a sede administrativa da Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Entre 1944 e 1945 é vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Em 1948, como diretor do Departamento de Urbanismo da Prefeitura do Distrito Federal, coordena o projeto de urbanização do Centro do Rio de Janeiro, que será base para o desenvolvimento posterior do Aterro e Parque do Flamengo, 1964. Sua dedicação ao tema da habitação social se traduz nos projetos dos conjuntos Habitacional Pedregulho, 1946, e Marquês de São Vicente, 1952. Se o segundo ficou incompleto e descaracterizado, o primeiro lhe valeu o 1º prêmio na Bienal Internacional de São Paulo, em 1953, e teve grande êxito dentro e fora do país.
O reconhecimento da sua obra é selado com o projeto do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), 1953, que lança as bases do brutalismo arquitetônico no Brasil, sendo a primeira obra em concreto aparente no país. Significativamente, em 1960, é lançado na Alemanha um livro sobre a obra do arquiteto, com prefácio do crítico e secretário-geral dos Congrès Internationaux d'Architecture Moderne (CIAM), Siegfried Giedion (1893-1968).

Autores da ficha: Maria Tereza R. L. de Barros Cordido, Miguel Antonio Buzzar, Caroline Niitsu de Lima, Jasmine Luiza S. Silva, Miranda Zamberlan Nedel, Rachel Bergantin, e Kelly Yamashita (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP).

Data da ficha: Fevereiro de 2020

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