RESIDÊNCIA FRANCISCO HUMBERTO DE ABREU MAFFEI
Botucatu - SP
Autor: Jorge O. Caron
Fotografia Residência Francisco H. A. Maffei (2006). Fonte: acervo da autora.
Foto da construção. (1969) Fonte: Acervo Jorge Caron. CEDOC-Biblioteca IAU-USP.
Vista lareira (2005). Fonte: acervo da autora.
Fotografia Residência Francisco H. A. Maffei (2006). Fonte: acervo da autora.
Imagens da obra
Planta Baixa Desenho original. Fonte: Acervo Jorge Caron. CEDOC-Biblioteca IAU-USP.
Detalhe Construtivo, desenho original. Fonte: Acervo Jorge Caron. CEDOC-Biblioteca IAU-USP.
Planta Baixa Desenho original. Fonte: Acervo Jorge Caron. CEDOC-Biblioteca IAU-USP.
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Residência Francisco Humberto de Abreu Maffei, Botucatu-SP.
Data do projeto/construção/inauguração: 1968/1969.
Localização/perímetro: Rua Dr. Rodrigues do Lago, esquina com R. Quintino Bocaiuva, Botucatu-SP.
Autor do projeto: Arq. Jorge O. Caron.
Intervenções posteriores: Do projeto original da casa, destaca-se poucas alterações, a principal na área externa, modificando a piscina e a paginação de piso; no interior da casa, o escritório, agora isolado do conjunto por uma parede de alvenaria com brises na janela.
Tamanho do lote e área construída: Lote esquina 25x30m 750 m² / 400,00 m².
Tombamento: não houve.
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
ACROPOLE. Residência em Botucatu. Acrópole, São Paulo, Ano 33, n. 385, p. 14-16, jun. 1971.
CARON, J. Uma casa é um protótipo. Casa e Jardim, São Paulo, n. 214, p. 22-25, nov.1972.
RUGGIERO, A. S. Jorge Caron: uma trajetória. 2007. Dissertação (Mestrado em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2007.
SOBRE A OBRA
“A casa procura atender a inúmeras circunstâncias objetivas e emocionais a que está sujeito um trabalhador intelectual através de uma estrutura espacial em faixas (dormir, estar e serviços) articulados por um jardim central” (CARON, 1971, p. 16)
A integração e fluidez do interior com o exterior fazem da casa um espaço acolhedor, além do uso de materiais como tijolo aparente, madeira e concreto. A continuidade espacial é garantida pela articulação em torno do pátio central, incorporado aos ambientes internos por meio da visibilidade permanente, janelas contínuas e a utilização de painéis pivotantes que se abrem para o interior da casa. Construída em alvenaria portante, a modulação das paredes estruturais suporta o sistema de cobertura com telhas de fibrocimento, apoiadas em vigas-calhas de madeira revestida de zinco internamente. No interior da casa os desníveis são pouco percebidos, devido à integração com o pátio interno. O forro de peroba envernizado recebeu um desenho rebaixado no hall de entrada. O piso interno é de cimento queimado colorido, que se encontrava em perfeito estado na visita realizada em 2006. Nas áreas externas os pisos são intercalados entre tijolo, placas de cimento e grama. Os quartos e banheiros configuram um espaço de convívio intenso e reservado da família. Todos os quartos interligam-se por um corredor onde estão as cabines dos banheiros de um lado e de outro os armários de alvenaria. O desnível de três degraus divide os espaços de quarto e banheiros sem barreira visual. O armário em alvenaria serve de cabeceira para as camas dos quartos e está diretamente voltado para as cabines de banheiro e a bancada com lavatório. A lareira é outro elemento recorrente nos projetos de Caron para as casas de Botucatu, devido ao clima ameno da cidade e a influência do mestre Frank Lloyd Wright, que a utilizava como unidade central e vida da casa. Na residência Maffei a lareira foi projetada no próprio corpo da casa, solução funcional cujo despojamento pela simplicidade e ortogonalidade é atemporal. A dinâmica das cores primárias empregadas nos elementos verticais e nos pisos, conferem um espaço vivo, cujos elementos destacam-se pela autonomia e o equilíbrio da composição. O uso de materiais diversos como o tijolo aparente, a telha de fibrocimento, esquadrias metálicas e vidro, além de mobiliário embutido nas estruturas, como armários, bancos, bancadas, implicam em arrojo, experimentação e a atemporalidade.
IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO
Destaque para a fusão de materiais e técnicas construtivas, que incorporam a racionalidade e a materialidade dos elementos formais. O programa da residência setorizado em três faixas (dormir, estar e serviços), articulados por um pátio central, coadunam com o ideário moderno dos novos modos de habitar. A solução escalonada no terreno amplifica o debate entre arquitetura e a paisagem urbana.
SOBRE OS AUTORES
Jorge O. Caron (1936-2000) nasceu em Caseros na Argentina, viveu em São Paulo e São Carlos-SP. Formou-se arquiteto e urbanista pela FAU-USP (1958-1965). Profissionalmente defendeu a ação social do arquiteto, ressaltando-a como agente catalisador e tradutor de uma sociedade em transformação. Como resposta aos desafios de sua época, foi um profissional versátil, transitou entre disciplinas e linguagens distintas como teatro, cinema, arquitetura, design e ensino. Colaborou com Luis Saia no plano diretor de Goiânia, fez estágio com Prof. Abelardo de Souza. Estabeleceu parcerias com Maurício Tuck Schneider em premiações pelo IAB-SP (19XX), edifício para escritórios (atual Hotel DAN) e a Sinagoga à Rua Newton Prado. Participou de projetos para o Conjunto Zezinho Magalhães Prado, Guarulhos-SP (1968), com Vilanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha. Integrou a equipe do Pavilhão Oficial do Brasil para a Expo 70 em Osaka. Na década de 1970 coordenou o plano diretor do campus UNESP de Botucatu, e projetou edifícios de laboratórios, salas de aula e biblioteca, e significativo conjunto de residências. Em São Paulo, projetou sede empresarial Enterpa e o estúdio de gravação Frame Cinevídeo. Nos anos 90 realizou o projeto da Torre de Transmissão da TV Cultura. Enquanto professor, elaborou cursos de cenografia, arquitetura e design. Coordenou o curso de arquitetura e urbanismo na FEBASP com intuito de aproximar os alunos do universo real e despertá-los para ações e práticas sociais. Em 1988, tornou-se professor da EESC-USP São Carlos, junto ao antigo Departamento de Arquitetura e Urbanismo, atual IAU-USP.
Autores da ficha: Amanda Saba Ruggiero.
Data da ficha: Outubro de 2021