6° SEMINÁRIO DOCOMOMO SÃO PAULO
A ARQUITETURA MODERNA PAULISTA E A QUESTÃO SOCIAL
O Núcleo Docomomo São Paulo e o Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em São Carlos, dando continuidade às atividades desenvolvidas no ano de 2017, organizaram o 6º Seminário Docomomo São Paulo, que se realizou no Campus da Universidade de São Paulo em São Carlos.
Local: IAU USP - São Carlos
Data: 24 a 26 de setembro de 2018
ASPECTOS GERAIS
O 6º Seminário Docomomo São Paulo teve conferências e mesas redondas, com a participação de especialistas convidados, brasileiros e internacionais.
A conferência de abertura ficou a cargo da Profa. Dra. Silvia Arango, prestigiosa historiadora da arquitetura da Universidad Nacional de Colombia, Bogotá, que publicou numerosos artigos e livros sobre arquitetura moderna na América Latina, entre eles: Historia de la Arquitectura en Colombia (1989), Arquitectura de la Primera Modernidad en Bogotá (1997) e Ciudad y arquitectura. Seis generaciones que construyeron la América Latina moderna (2012).
No final do evento aconteceu o tradicional MomoTour, com uma visita às obras icônicas da arquitetura moderna em São Carlos.
APRESENTAÇÃO
O tema central do evento, a questão social, pode ser considerado um dos temas centrais nas preocupações de grande parte dos atores que consolidaram a arquitetura, o urbanismo e o paisagismo modernos no Brasil, em geral, e no estado de São Paulo, em particular. Preocupados, como estavam, pelas desigualdades sociais, culturais, políticas e sobretudo econômicas no momento do desenvolvimentismo, de Vargas aos governos da ditadura civil-militar, os arquitetos modernos se digladiavam contra o atraso utilizando não só novas tecnologias e materiais, mas também experimentando com novas tipologias adaptando-as às novas formas de produzir, de morar, de aprender, de se divertir, vinculando-as, pelo menos no discurso, às questões sociais prementes do momento. Essas formas, que foram testadas de maneira ampla no estado de São Paulo, apontam para uma mudança de atitude defendida pelos arquitetos modernos seguindo, em muitos casos, ideologias políticas precisas que se consubstanciam com a maneira de agir e de projetar.
Os eixos de debate se concentram sobre alguns dos tópicos centrais da modernidade, ainda que admitem variadas abordagens. Pretende-se, assim, estimular as ações de reconhecimento, documentação, restauro, conservação e preservação do patrimônio da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo modernos paulista, provenientes tanto da academia como das ações de profissionais interessados no movimento moderno (arquitetos, técnicos municipais, historiadores e críticos), assim como de membros da sociedade civil sensibilizados com as qualidades inegáveis de um patrimônio único e hoje bastante ameaçado.
EIXOS TEMÁTICOS
O Encontro está organizado em três Eixos Temáticos que acolherão depoimentos, estudos de acervos, pesquisas documentais, estudos de caso e reflexões críticas sobre obras e projetos referentes à arquitetura, ao urbanismo e ao paisagismo modernos paulista desenvolvidos entre 1930 e 1970.
EIXO 1: FORMAS DE MORAR
A moradia foi um dos eixos de atuação mais importantes da arquitetura moderna, concentrando esforços de muitos arquitetos que repensaram desde as tipologias residenciais até materiais e sistemas construtivos. Alteraram, assim, não só os aspectos funcionais da casa tradicional, mas também os formais, estruturais e construtivos, concebendo novas formas de morar na modernidade. Neste eixo serão incluídas as comunicações que tratem da casa, da residência multifamiliar, do conjunto habitacional ou de outras formas desenvolvidas pela criatividade dos arquitetos modernos paulistas em relação à habitação.
EIXO 2: FORMAS DE TRABALHAR
Da mesma forma que a moradia consistiu em eixo temático importante para a arquitetura moderna, as construções dedicadas ao trabalho, desde a fábrica ao complexo industrial, ou, mesmo, desde o edifício de escritórios ao conjunto de uso misto, as edificações dedicadas ao trabalho foram um tema amplamente desenvolvido na época com a finalidade de atender aos desafios colocados pelas enormes mudanças que ocorriam, a partir da industrialização, na economia e na política do país. Neste eixo serão incluídas as comunicações que tratem das construções destinadas ao trabalho (edifícios de escritório, edifícios de uso misto, etc.) e à produção industrial (fábricas, laboratórios, etc.) que se apresentavam como uma mudança não só das formas produtivas, mas também nas relações sociais, culturais políticas e econômicas da sociedade paulistana.
EIXO 3: FORMAS DE USAR A CIDADE
A intensa migração em direção às cidades, especialmente à capital paulista, e a construção de obras de infraestrutura e novos equipamentos para a cidade em plena transformação foram condições necessárias para o funcionamento da engrenagem urbana. Os arquitetos modernos debruçaram-se sobre esses programas, até aquele momento muito pouco elaborados, concebendo novas tipologias e maneiras de usar a cidade. Neste eixo serão incluídas as comunicações que tratem de escolas, hospitais, bibliotecas, todo tipo de instalações esportivas e de lazer e outros equipamentos ou infraestruturas destinadas à sociedade de massa que se estavam construindo naqueles anos.