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FÓRUM DE ITAPIRA

Itapira - SP 

Autor: Joaquim Guedes, Helio Penteado e J. Caetano de Mello F.

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Fórum de Itapira, Itapira-SP.
Data do projeto: 1959 / construção / inauguração: 1961.
Localização: R. Duque de Caxias, 171 - Santa Cruz, Itapira - SP, 13974-345.
Autores do projeto: Arqs. Joaquim Guedes, Helio Penteado, J. Caetano de Mello F.
Intervenções posteriores: A obra encontra-se bem preservada, sendo o gradeamento dos acessos, anteriormente, franqueados a alteração mais visível.
Tamanho do lote: 900 m2 e área construída: 1389,98 m² aproximadamente

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

BUZZAR, M. A; CORDIDO, M. T. R. L. B. Difusão da Arquitetura Moderna Brasileira. O Caso do Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo (1959-1963). In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 7., 2007. Porto Alegre; Anais. Porto Alegre: UFRGS, 2007. p. s/p
BUZZAR, M. A.; CORDIDO, M. T. R. L. B.; SIMONI, Lúcia N. Pesquisa e levantamento dos processos relativos aos projetos e obras dos equipamentos públicos implementados pelo plano de ação do governo do estado de São Paulo (Page), Gestão Carvalho Pinto (1959-1963), No Arquivo do IPESP. In: FÓRUM PATRIMÔNIO: AMBIENTE CONSTRUÍDO E PATRIMÔNIO SUSTENTÁVEL, 1., 2012, Belo Horizonte. Belo Horizonte: UFMG. Online, 2012, v. 5, p. s/p. periódico online 
BUZZAR, M. A; CORDIDO, M. T. R. L. B.; SIMONI, Lúcia N. Patrimônio Moderno no estado de São Paulo: equipamentos públicos produzidos Plano de Ação do governo Carvalho Pinto (1959-1963). In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DA ACADEMIA DE ESCOLAS DE ARQUITETURA E URBANISMO DA LÍNGUA PORTUGUESA (AEAULP), 3., Lisboa. Arquiteturas do Mar, da Terra e do Ar/ Arquitetura e Urbanismo na Geografia e na Cultura., Lisboa, 2014.
BUZZAR, M. A.; CORDIDO, M. T. R. L. B.; SIMONI, Lúcia N. A arquitetura moderna produzida a partir do plano de ação do governo Carvalho Pinto-Page - (1959/1963). Arq.Urb, São Paulo, n. 14, p. 157, 2015. 
BUZZAR, M. A.; CAMARGO, M. J.; CORDIDO, M. T. R. L. B. Relatório Final Difusão da Arquitetura Moderna - O Patrimônio Arquitetônico Criado pelo Plano de Ação do Governo Carvalho Pinto (1959/1963). 2015. (Relatório de pesquisa Fapesp). 
CORDIDO, M. T. R. L. B. Arquitetura forense do Estado de SP: Produção entre as décadas de 50 e 90 do séc. XX, sob a influência da arquitetura moderna. In: ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE DO IFCH/UNICAMP, 1., 2004, Campinas. Revisão Historiográfica o Estado em Questão. Campinas: IFCH UNICAMP, 2004. v. 3. p. 45-53. 
CORDIDO, M. T. R. L. B. Edifícios públicos. Arquitetura forense: arquitetura moderna questionando a simbologia e mitos do Poder Judiciário no Estado de São Paulo. Risco. São Carlos, ano 6, n. 7, p. 39-48, jan. 2008. 
CORDIDO, M. T. R. L. B. Arquitetura Forense 'Moderna' Em São Paulo: Revendo Tradições. Revista de Criminologia e Ciências Penitenciárias, São Paulo, ano 2, n 1, p. s/p, mar. 2012. 
CORDIDO, M.T.R.L. B., Arquitetura Forense do Estado de São Paulo: Produção moderna, antecedentes e significados, 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2007.
JUNQUEIRA, M. Guedes: razão e paixão na arquitetura. Arquitextos, São Paulo, n. 099.01. São Paulo, Portal Vitruvius, ago. 2008. Disponível em <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq099/arq099_01.asp> Acesso em: 02 fev. 2020. 

SOBRE A OBRA

O Fórum de Itapira que está implantado no topo de uma praça com acentuado aclive, que enfatiza sua volumetria, conforma-se em um arranjo de blocos distintos, organizados em diversos níveis, dividindo e articulando suas funções em torno de um jardim aberto que fica ao seu centro e por onde se distribui seus acessos. O espaço central aberto (como uma praça), é elemento organizador do conjunto de blocos cuja singularidade dá sentido a ele. É por onde fluem as áreas de trabalho, ao mesmo tempo em que orienta e facilita sua apreensão por seu público e ainda, integra seu exterior com o espaço urbano. O desnível do terreno é aproveitado para distinguir funções, agenciando a divisão de categorias, de espaços mais ou menos restritos.
Sua entrada principal é destacada por uma escada de acesso, para o primeiro nível, onde se situam os cartórios, serviços de uso públicos mais intensos, voltados para um jardim (pátio aberto) e arranjados sequencialmente em um corredor, protegidos pelo recuo do bloco, sob a laje do nível superior. No desnível abaixo (da praça), estão as celas, depósito, bar e cozinha. O andar superior, por onde se acessa por duas escadas distintas, sendo uma delas privativa, estão os serviços mais restritos da justiça tais como: gabinetes do juiz e promotor, sala de audiência, além do salão do júri. O júri contempla dois acessos, um único privativo para réu, magistrados, jurados e testemunhas, que não separa as partes (acusação e defesa) e outro para o público em geral, ante uma grande varanda, com campo focal voltado para a praça e com acesso independente do corpo do edifício. Esta entrada possibilitava o uso do salão do júri para múltiplas atividades e assim se alinhava com a propostas de alguns arquitetos paulistanos com a ressignificação dos edifícios da justiça.
O tratamento estrutural do edifício indica um virtuosismo que questiona sua monumentalidade, na medida em que enfatiza as novas possibilidades construtivas, através de um esbelto pilar adotado na estrutura aparente que parece “desafiar a estabilidade do corpo que acomoda” (CAMARGO, 2000, p.21), opondo-se as robustas colunas greco-romanas. Desta forma, constitui um denotativo crítico às rupturas dos paradigmas adotados para esta tipologia anteriormente. A exposição da independência estrutural, nesta obra também é destacada, percebida nas reentrâncias das paredes de vedação, onde o pilar se separa delas e por vezes, como no Júri, torna-se um ponto focal do ambiente construído, diluindo a tensão do ato que ali se processa. O edifício também possui uma distinção construtiva que valora a imponência do salão do júri através do caimento das lajes de coberturas adotada, intercalando sua amarração, com aberturas de iluminação zenital e ainda destacado pelo contraste dos materiais de acabamento adotados, como o concreto aparente e o tijolo possui uma plástica suntuosa.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

A relação entre o exterior e interior, originalmente, franqueada e a organização do Fórum como um grande logradouro público no qual suas funções se integram com espaços de convívio, concretiza uma concepção de equipamento público a serviço da população, indicando o compromisso social da arquitetura moderna na construção de uma sociedade democrática.
Todo edifício é pensado de forma a questionar a monumentalidade que caracterizava os edifícios tradicionais dos fóruns. O tratamento estrutural do edifício indica um virtuosismo que questiona essa monumentalidade, na medida em que enfatiza as novas possibilidades construtivas, através de um esbelto pilar adotado na estrutura aparente que parece “desafiar a estabilidade do corpo que acomoda” (CAMARGO, 2000, p.21), opondo-se às robustas colunas greco-romanas. Desta forma, constitui um denotativo crítico às rupturas dos paradigmas adotados para esta tipologia anteriormente. A exposição da independência estrutural, nesta obra também é destacada, percebida nas reentrâncias das paredes de vedação, onde o pilar se separa delas e por vezes, como no Júri, torna-se um ponto focal do ambiente construído, diluindo a tensão do ato que ali se processa. O edifício também possui uma distinção construtiva que valora a imponência do salão do júri através do caimento das lajes de coberturas adotada, intercalando sua amarração, com aberturas de iluminação zenital e ainda destacado pelo contraste dos materiais de acabamento adotados, como o concreto aparente e o tijolo possui uma plástica suntuosa.

SOBRE OS AUTORES 

Joaquim Manoel Guedes Sobrinho (São Paulo SP 18/06/1932 – 27/07/ 2008). Arquiteto, urbanista. Ingressa no curso de arquitetura e urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) em 1949 e recebe influência decisiva dos professores Icaro de Castro Mello e Vilanova Artigas. Formado, casa-se com Liliana Marsicano, e com ela se associa até 1974. Ambos iniciam seus trabalhos com o padre dominicano francês Louis-Joseph Lebret,1 participando da fundação da Sociedade de Análises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais (SAGMACS), contexto no qual conhecem o arquiteto Carlos Millan, com quem dividem o espaço de trabalho. Na esteira dessa experiência, funda o escritório Serviços Técnicos de Assistência aos Municípios (Stam), voltado para o urbanismo, onde desenvolve um projeto para o Plano Piloto de Brasília, 1957. Sua carreira desponta com a vitória no concurso para a construção da igreja do bairro de Vila Madalena, em São Paulo, em 1955, e com o projeto da residência A.C. Cunha Lima, em 1958, com o qual ganha o prêmio internacional na Bienal de São Paulo, em 1965. Ainda em 1958, inicia sua atividade acadêmica ao assumir a cadeira de materiais de construção na FAU/USP, a convite do professor Fernando Escorel. Nos anos 1960, integra inúmeras equipes multidisciplinares ligadas a congressos ou órgãos governamentais, como a Comissão Nacional de Habitação, em 1961, vinculada ao Ministério do Trabalho do governo João Goulart, ou a Comissão do Habitat, da União Internacional dos Arquitetos (UIA), em 1963. Com intensa participação em encontros internacionais, tem seu trabalho destacado em revistas estrangeiras na Europa e no Japão. Em 1968, troca o Departamento de Tecnologia pelo de Projeto na FAU/USP, no qual defende tese de doutorado, em 1972, livre-docência em 1981, e se torna professor titular em 1991. Em 1974, associa-se a Luís Fernando Manini e Paulo Guedes, seu irmão, passando a realizar projetos de grande escala, e a coordenar equipes numerosas. São desse período o projeto e gerenciamento de execução da obra da cidade de Caraíba, 1976, no sertão baiano, e o projeto de Barcarena, 1980, no Pará, ambos núcleos operários para trabalhadores da mineração. Além desses projetos de cidades novas, realiza inúmeros planos diretores ou urbanísticos, como para as cidades paulistas de Guarulhos, 1960, Ubatuba, 1968, Londrina, Campinas e Mogi-Guaçu, 1970, Piracicaba, 1975, Americana, 1986; a paranaense Londrina, 1970; Porto Velho, 1972, em Rondônia; e o Projeto de Transformação Urbana de Bicocca, 1986, em Milão, Itália, para concurso fechado em âmbito internacional, tendo Roberto Sambonet e Lina Bo Bardi como membros de sua equipe. É autor do projeto de recuperação do Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), incendiado em 1984. A partir de 1988 passa a trabalhar em regime de dedicação exclusiva na FAU/USP, reduzindo sua participação nos projetos do escritório.  Premiado com o "Colar de Ouro" pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), em 2003, é autor de mais de 500 projetos.
Helio Penteado arquiteto engenheiro, com biografia não publicada, dominava a técnica das estruturas em concreto, trabalhou com diversos arquitetos como Oscar Niemyer, Ruy Othake entre outros. Fonte: Boletim IAB. São Paulo, 2004.
José Caetano de Mello Filho arquiteto engenheiro, com biografia não publicada, dominava a técnica das estruturas em concreto

Autores da ficha: Maria Tereza R. L. de Barros Cordido, Miguel Antonio Buzzar, Caroline Niitsu de Lima, Jasmine Luiza S. Silva, Miranda Zamberlan Nedel, Rachel Bergantin, e Kelly Yamashita (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP).

Data da ficha: Fevereiro de 2020

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