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HOTEL ELDORADO MORADA DO SOL

Araraquara - SP 

Autor: João Walter Toscano, Odiléa Helena Setti Toscano e Massayoshi Kamimura.

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Hotel Eldorado Morada do Sol.

Data do projeto/construção/inauguração: 1967/1976

Localização/perímetro: Avenida Brasil, 477, Centro – Araraquara-SP.

Autor do projeto: Arq. João Walter Toscano, Odiléa Helena Setti Toscano e Massayoshi Kamimura.

Intervenções posteriores:  Parte do Lobby foi ocupada por uma agência bancária. A cozinha, sanitários e a escada helicoidal que interligava o Lobby ao Salão de Festas foram demolidos. O piso em mármore foi substituído por porcelanato. Foi instalado forro acústico sob os arcos do Salão de festas e sua área foi reduzida para construção do restaurante, espaço de eventos, cozinha e serviços. Sobre o piso original do salão foi assentado piso de madeira e parte da caixilharia do térreo foi substituída. Houve adaptações para atendimento às novas normas de acessibilidade e corpo de bombeiros e a construção de escadas metálicas. Nos corredores do pavimento tipo, os elementos vazados foram fechados em alvenaria, mas a fachada foi preservada. 

Tamanho do lote e área construída: 4.041,67 m² / 13.685,30 m².

Tombamento: não houve.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

ARTIGAS, R. C (Org.). João Walter Toscano. São Paulo: Unesp, 2002.

INSTITUTO do Arquitetos do Brasil. Arquitetura e desenvolvimento nacional: depoimentos de arquitetos paulistas. São Paulo: Pini, 1979, p.71-73.

MÓDULO. Campus Universitário, Araraquara. In: Módulo. nº 64, p. 54-59, 1981.

SOBRINHO, E. L.; SANTORO, F. J.; NUSDEU, R. A. Arquitetura Moderna em Araraquara: Inventário. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 3., 1999, São Paulo. Anais. São Paulo: IV Bienal de Arquitetura, 1999. p. 1-7

TOSCANO, J.W. Arquitetura: Experiência de um Percurso. 1989. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 1989.

SOBRE A OBRA

O edifício é formado por dois prismas sobrepostos, um volume horizontal que ocupa praticamente todo o terreno e abriga as áreas comuns e de serviços, e um volume vertical destinado à hospedagem. A lâmina vertical se desenvolve sobre pilotis e caracteriza-se na face leste pela horizontalidade das aberturas, enquanto a face oeste é coberta por um painel de elementos vazados. O edifício foi pensado a partir de uma grelha modular seguindo um programa multifuncional que abriga uma área comercial no térreo. O lobby se desenvolve ao longo da face frontal abrindo-se totalmente para a praça da Igreja Matriz, revelando pilotis revestidos em mármore. Uma escada helicoidal revestida do mesmo material promovia o acesso ao salão de festas. A escada foi demolida quando o hotel cedeu parte da área do térreo para a instalação de uma agência bancária, momento no qual também se perdeu um painel de autoria de Odiléa Setti Toscano. Aberturas que vão do piso ao teto e o amplo salão de festas ladeado por pátios e terraços-jardim promovem um diálogo constante com a praça. Onze arcos em concreto protendido com 8 cm de espessura cobrem o salão de festas, no qual  o forro em alumínio natural acompanha a curvatura dos arcos para abrigar fiação elétrica e sonorização. Nas extremidades dos arcos, cúpulas em fibra de vidro favorecem a passagem de luz natural, enquanto elementos tronco cônicos promovem iluminação zenital na área reservada à orquestra. Os sanitários masculinos rompem a modulação cartesiana e dão ao volume hidráulico a liberdade de curvar-se no centro do salão. Ao longo dos dez andares tipo, treze apartamentos estão distribuídos unilateralmente voltados para a face leste. Ao longo da face oeste, se estende um generoso painel de cobogós cuidadosamente desenhados para tal modulação, intercalando elementos fechados, vazados ou vedados com vidro. Tais elementos visavam garantir a ventilação e a iluminação natural em áreas de circulação, tirando partido de materiais comuns que ganharam status pela organização do assentamento. No último pavimento, a linha de dormitórios é recuada da fachada, gerando sacadas e pergolados que coroam a volumetria. A circulação vertical se dá através de dois volumes destacados do corpo principal. Na face oeste, um volume de curvatura suave recebe a escada e os elevadores sociais, enquanto um volume menor intercepta o painel de cobogós e abriga o elevador de serviços. O corredor se projeta para além do perímetro do corpo vertical, dando origem à escada de emergência marcada pela curvatura de seus patamares. Toscano explora neste edifício, os cinco pontos da arquitetura colocados por Le Corbusier, faz uso do módulo e da ideia do promenade architecturale e tira partido do percurso como estratégia de projeto.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

Mesmo mantendo seu escritório em São Paulo, Toscano realizou diversas obras no interior. Os projetos dos campi universitários desenvolvidos para Assis e Itu abriram caminho para sua atuação em Araraquara, em um momento em que a cidade vivenciava uma expressiva modernização de seu repertório e  a verticalização do centro. Por diversas vezes citado, mas ainda não documentado, o hotel foi fruto de um conjunto de obras articuladas pelo poder público municipal que pretendia alçar o município à capital do estado, tendo  o moderno como valor.

SOBRE OS AUTORES 

Natural de Itu, interior do Estado de São Paulo, João Walter Toscano (1933-2011) graduou-se em 1956 pela FAU-USP. Pouco depois de formado, em parceria com Júlio Katinsky e Abrahão Sanovicz, ex-colegas de faculdade, vence o Concurso Nacional de Arquitetura para o Iate Clube de Londrina (1959), abrindo portas para uma profícua atuação profissional. A partir de 1962, inicia atividades didáticas na FAU-USP. Toscando trouxe de início, referências da Escola Carioca e aproximações com a obra de Affonso Eduardo Reidy, passando gradativamente a revelar outras influências especialmente de Vilanova Artigas ao mesmo tempo em que estabelecia sua própria arquitetura. É autor de mais de uma centena de projetos de arquitetura e urbanismo, destacando-se os edifícios didáticos nos campi universitários das cidades de Itu, Assis e Araraquara. A partir da década de 1980, o arquiteto passa a explorar as possibilidades construtivas do aço. Uma de suas obras mais emblemáticas, a Estação Largo 13 de Maio da CPTM em São Paulo, abriu caminho para novas investigações construtivas e estruturais em projetos de mesmo programa. Arquiteto destacado e premiado nacional e internacionalmente, participou de exposições em Buenos Aires, Nova York e Veneza. Estabeleceu parcerias entre outros, com Decio Tozzi, Benno Perelmutter, Marcos Acayaba, Oswaldo Correa Gonçalves, Telésforo Cristófani, José Caetano de Mello Filho, Ubirajara Giglioli, Massayoshi Kamimura e Odiléa Setti Toscano, sua esposa e autora de diversos painéis e murais que compõe as obras do escritório.

Autores da ficha: Cristiane Kröhling Pinheiro Borges Bernardi, Priscila Kauana Barelli Forcel, Murilo da Silva Camargo, Willian Barroso de Souza, Bianca Alfenas Segoria, Guilherme Diniz Pinto.

Data da ficha: Novembro de 2019

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