top of page

ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO (E.E. ACÁCIO DE PAULA LEITE)

Santos - SP 

Autor: Decio Tozzi e Luiz Carlos Ramos

22602440-preto-localizacao-pin-plano-icone-gps-mapa-ponteiro-simbolo-vetor_edited_edited.j

Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Escola Técnica de Comércio (EE Acácio de Paula Leite).
Data do projeto/inauguração: 1959 /1963.
Localização/perímetro: Rua Sete de Setembro, Nº 14 (esquina com Rua Senador Feijó) / 238 m – Vila Nova, Santos-SP 
Autor do projeto: Arqs. Decio Tozzi e Luiz Carlos Ramos.
Intervenções posteriores: Foi realizado projeto de acessibilidade, que ainda não foi executado.
Tamanho do lote e área construída: 6.000 m² / 5.200 m².
Tombamento: CONDEPASA, Livro Tombo 01, inscrição 55, Proc. nº 128851/2007-48, Resolução Nº SC 01/2016 de 30/06/2016.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

FERNÁNDEZ-COBIÁN, E. Decio Tozzi,un arquitecto en la sombra. DPA, Barcelona, n. 30, mar. p. 82-91, 2014. Disponível em: <https://upcommons.upc.edu/bitstream/handle/2099/14418/DPA30%20ARQ%20PAULISTA-8.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 10 jun. 2019.
PROJETO DESIGN. Décio Tozzi. Projeto Design, São Paulo, n. 291, p. 6-8, mai. 2004.
SANTORO, F. O arquiteto italiano Francesco Santoro analisa uma obra do paulista Decio Tozzi. Uma análise do trabalho do arquiteto paulista. AU (Arquitetura e Urbanismo), São Paulo, n. 193, abr. p. 172-175, 2010.
SARAIVA, M. T. T. Décio Tozzi: Instituto Municipal do Comércio. AB (Arquitetura Brasileira), São Paulo, v. 7, n. 1, p. 110-113, jan. 1972.
TOZZI, D. Arquiteto Decio Tozzi. São Paulo: D’Auria, 2005.

SOBRE A OBRA

A Escola Técnica de Comércio de Santos, atualmente conhecida como Escola Estadual Acácio de Paula Leite, foi inaugurada em 1963, sendo a primeira escola profissionalizante da cidade - seu programa original era destinado ao ensino técnico de comércio relacionado diretamente às atividades administrativas portuárias e ao setor de serviços. O edifício foi projetado para abrigar 640 alunos em três turnos de funcionamento e previa 16 salas para aulas teóricas, setor de aulas práticas com laboratórios, e o setor secundário para administração, auditório, sala dos professores, vestiário, grêmio, além dos pátios para atividades esportivas e estar. Esse programa foi resolvido a partir da setorização das atividades secundárias que deveriam ser enterradas no embasamento do edifício. Ao verificar que o lençol d’água aflorava à pouca profundidade, foi necessário deixar o embasamento em cota superior à da rua, fazendo com que as atividades secundárias ficassem semienterradas, acentuando o volume plástico das salas de aula. O grande pátio foi pensado como espaço livre que devolvido à cidade funcionava como plano ideal para a expansão de um setor urbano e que se assemelhava ao terreno vazio encontrado pelos arquitetos.  O volume suspenso das salas de aula em anfiteatro e laboratórios manifestam a expressão arquitetônica da mediação que o arquiteto realizou ao avaliar criticamente o programa de necessidades.  Salas em anfiteatro não eram usuais na época.
Está localizada no bairro Vila Nova, Zona Central II, conforme o Plano Diretor de Desenvolvimento e Expansão Urbana do Município de Santos, no sopé da porção leste do Monte Serrat, área que já na década de 1960 apresentava um grau de deterioração e que sua implantação, como equipamento escolar, tinha como objetivo fomentar uma renovação urbana.
O partido adotado indica além de uma atenção para a expressão plástica do conjunto e seu entorno, uma intenção clara na setorização dos respectivos programas através das volumetrias propostas: bloco de salas de aula e embasamento com programas complementares, separados pelo vazio dos pátios, que elevado a 1,50m do passeio público busca estabelecer mais do que uma hierarquia, uma nova relação entre a arquitetura, a cidade e seus usuários.
O bloco de salas de aula suspenso, dá pistas, por sua volumetria, e sua organização interna em arquibancada, por outro lado, o conjunto proposto não revela externamente de maneira explícita, no nível do pedestre, as soluções para captação da luz solar zenital através dos “sheds”, planos de reflexão e tubos condutores de luz, que “transforma a luminosidade excessiva exterior em luz difusa interior, própria para o ensino e a leitura” (TOZZI, 2005, p.15), pesquisa que conduz a arquitetura como domínio e transformação da natureza como se apresenta a obra de Décio Tozzi. O acervo das obras do arquiteto encontra-se na UNICAMP em fase de digitalização.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

Apesar de pouco publicada, mesmo nos círculos especializados, a obra da Escola Técnica de Santos apresenta grande importância como exemplar remanescente da chamada “Arquitetura Brutalista” na Baixada Santista. Apesar do estado atual de abandono e da falta de manutenção, sua presença no tecido urbano da cidade, hoje adensado, resulta ainda em um marco na paisagem da cidade e na memória de seus cidadãos. Utiliza o concreto aparente como elemento estrutural e também na composição dos elementos secundários e inaugura juntamente com outras obras da arquitetura escolar do período da produção da Arquitetura Moderna no Brasil, uma nova identidade aliada a uma espacialidade inovadora inequívoca.

SOBRE OS AUTORES 

Décio Tozzi nasceu em São Paulo em 18 de janeiro de 1936. Desde jovem teve como estímulo o pai, Giuseppe Antonio Tozzi, engenheiro de comunicações, profissional da companhia telefônica trabalhava frequentemente em sua prancheta, com instrumentos de desenho.  O jovem Décio, muito atento aos movimentos do pai, também se encantava com os mestres da arquitetura brasileira que nos anos 1940 / 1950 estavam em evidência. Propenso a ser pintor, foi desmotivado pela mãe, Zulmira Abbonza Tozzi, que desejava outro futuro para o filho. Antes de sua formação acadêmica no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie (1955-1960) militou junto aos dominicanos que lhe propiciaram a experiência de conhecer como viviam os extratos sociais mais pobres da cidade na amostragem da pesquisa realizada pelo Padre Lebret publicada posteriormente em 1970-1972. Durante sua formação manteve contato com os principais expoentes da arquitetura paulista, em primeiro lugar o próprio Villanova Artigas, Carlos Millan, Joaquim Guedes, Kneese de Mello e Rino Levi entre outros apesar de nunca ter estagiado com nenhum deles, mas visitava suas obras em construção ou já construídas. Ao se formar trabalhou com Luis Carlos Ramos, seu primeiro sócio, com quem compartilhou o projeto da Escola Técnica de Comércio em Santos. Sua carreira é profícua e Décio Tozzi deve ser incluído no grupo dos arquitetos paulistas que buscaram uma linguagem própria, que se diferenciava da dos arquitetos cariocas, mas respeitando-a e dialogando com ela, enfrentando desafios cada vez mais complexos e obtendo sempre ótimos resultados e premiações. Destacamos a Academia de Polícia na entrada da Cidade Universitária que serviu de experimento para outras obras como o edifício da Geografia e História e a própria FAU na USP, o Projeto do Parque Villalobos, o Fórum Trabalhista e a capela de Valinhos. É um dos arquitetos que representam a arquitetura brasileira e paulista em instituições como Centro Pompidou em Paris, Casa da Arquitectura no Porto e na Universidade de Roma. 

Autores da ficha: Ana Elena Salvi; Apoena Amaral e Almeida; Anita Denari Piffer; Leticia Getirana dos Santos.

Data da ficha: Dezembro de 2019

bottom of page