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UMUARAMA RECREIO HOTEL

Ribeirão Preto - SP 

Autor: Eng. Hélio Foz Jordão

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Umuarama Recreio Hotel.

Data do projeto/construção/inauguração: 1956 (projeto) /1962 (inauguração).

Localização/perímetro: Praça Mário de Andrade, Nº 140 – Jardim Recreio – Ribeirão Preto-SP.

Autor do projeto: Eng. Hélio Foz Jordão. 

Intervenções posteriores: construção de galpão de serviços junto à fachada posterior do edifício e pequena guarita para controle de acesso no fundo do terreno. Execução de bloco de apoio para a piscina, no jardim da área de recreação, com inserção de cobertura metálica em parte do bloco horizontal do salão de festas.  

Tamanho do lote e área construída: 10.092 m² / 8.100 m²

Tombamento: não houve.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

PEIXOTO, A. L. M. Hotéis Umuarama: o resgate da história de uma época. 2007. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Faculdade de História, Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto. 2007. 

MIYASAKA, T. K. M. (Org.); MIYASAKA, E. L. Ribeirão Preto pelo olhar de Tony Miyasaka. Ribeirão Preto: E.L., 2006.

SOBRE A OBRA

O Umuarama Recreio Hotel foi inaugurado em 1962, no recém-implantado loteamento Jardim Recreio, em Ribeirão Preto.  O empreendimento de João Constantino Miloná foi projetado em 1956, pelo Engenheiro Civil Hélio Foz Jordão, compreendendo, originalmente, 44 dormitórios com banheiro privativo; 6 apartamentos com dormitório, sala e banheiro; setor de serviços com copa, rouparia, lavanderia, adega, cozinha, cambuza e área para alojamento e refeitório de funcionários; administração com portaria, recepção, gerência e contabilidade; estacionamento de veículos; além de extenso programa social para uso coletivo, este apenas parcialmente executado, abrangendo posto de gasolina, churrascaria, restaurante, bar, boate, área para jogos, barbearia, salão de estar-leitura-exposição-festas, playground infantil coberto e descoberto, piscinas para adultos e crianças, e campo para golfe. Outros projetos aprovados em 1962, 1969 e 1971, quando recebeu benefícios do Conselho Nacional de Turismo-CNTUR destinados à melhoria operacional de 16 hoteis brasileiros, resultaram em algumas alterações concebidas pelo próprio engenheiro e permitiram a ampliação da área de dormitórios, prevista desde 1956. Desde então, o Hotel passou a contar com outro bloco de apartamentos, com mais 19 suítes, 2 apartamentos com sala e quarto, e 1 apartamento completo, com cozinha, localizado no centro do edifício, em sua face posterior. O complexo está localizado nas adjacências do Campus da Universidade de São Paulo, com acesso direto pela Av. Bandeirantes, em área afastada do centro urbano. Os primeiros hóspedes foram os professores estrangeiros contratados pela Universidade de São Paulo e, nesse sentido, foi um espaço propício para receber eventos, simpósios, convenções e congressos. Paralelamente, foi muito visitado por casais em lua de mel e serviu às atividades sociais da cidade, como festas de casamentos, bailes e noites dançantes. Durante 32 anos, foi referência na hotelaria brasileira, recebendo autoridades, artistas e até clubes de futebol, que o escolhiam por proporcionar aos atletas um ambiente tranquilo em meio à natureza. Em 1994, desavenças entre os sócios culminaram no encerramento de suas atividades. Atualmente, o prédio está desocupado, sem possibilidade de acesso às dependências internas e apresentando sinais de degradação em suas fachadas. A massa edificada distribuída nos pavimentos implantados a partir do desnível do terreno, evidencia o programa funcional adotado pelo projeto, que visualmente favorece os blocos que se agrupam para a constituição de um volume horizontal de massa laminar delgada, protegida por cobogós. O bloco do setor leste encontra-se parcialmente sustentado por pilotis, enquanto sua ala oeste se assenta sobre o terreno que externamente dá continuidade às áreas de lazer.  O acesso principal está localizado no eixo transversal central, alinhado a uma das entradas do Campus da USP, na margem oposta da Avenida. Ao chegarem, os hóspedes eram recepcionados em um ambiente amplo, com pé-direito duplo, formado por um paralelogramo de volume prismático regular, e a partir dali direcionados para o setor íntimo ou social. O desenvolvimento do programa em diferentes níveis foi vencido principalmente a partir de rampas, enquanto a circulação horizontal interna foi estabelecida longitudinalmente no centro da planta, o que liberou suas extremidades para a presença de pequenos terraços privativos em todos os dormitórios.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

O Hotel Umuarama Recreio é um dos marcos do desenvolvimento de um contexto moderno na cidade de Ribeirão Preto, que havia acabado de comemorar seu centenário e dissociava-se da paisagem edificada pela economia cafeeira. Seu projeto alinha-se ao momento histórico de produção do Movimento Moderno no Brasil e sua vinculação a ele ultrapassa a mera associação plástica, construtiva e estética do bloco laminar delgado que se equilibra parcialmente sobre pilotis, com fachadas moduladas pelo ritmo de cheios, vazios e texturas geradas pelos elementos vazados. Trata-se de um processo de amadurecimento de Foz Jordão, que consegue associar de maneira bem-sucedida as vertentes modernas, wrightiana e corbusiana que pulsam, simultaneamente, em um Brasil que abraçou a “missão” de constituir-se moderno sob o financiamento de uma elite industrial e urbana. O programa do edifício, bem como sua organização social e espacial, expressou novas formas de entretenimento, sociabilidade e repouso dessa classe burguesa, que buscava no refúgio em meio a uma paisagem natural controlada e projetada, o conforto e as oportunidades de lazer com os quais já havia se habituado.

SOBRE OS AUTORES 

Foz Jordão nasceu em Araraquara-SP e graduou-se em Engenharia pelo Mackenzie, em 1948. Em Ribeirão Preto, contribuiu para a renovação arquitetônica dos anos 50, iniciando uma série de obras significativas em qualidade estética e construtiva, associadas à tendência verificada nas principais cidades brasileiras naquele contexto. Projetou diversas residências construídas nos loteamentos aprovados nas décadas 1940 e 1950, como o Jardim Recreio, de sua autoria, e o Jardim Sumaré, criado para a expansão da cidade no eixo sul. Destinadas à elite ribeirão-pretana, suas casas mantiveram o programa e setorização em áreas íntimas, sociais e de serviço, mas com ambientes modulados a partir de uma lógica construtiva racionalizada de organização funcional. São edificações que remontam ao início de sua atuação profissional na cidade, com a influência organicista de Wright, também evidente na primeira produção de Artigas. Essa produção residencial foi muitas vezes configurada por volumes regulares de geometria simples, que recebiam acabamentos de pedra e generosos vãos e aberturas. Foi autor de edifícios verticalizados de habitação e uso misto, no centro da cidade, onde também executou a obra do Fórum da Justiça, entre 1958 e 1959. O Edifício Evaristo Silva, construído em 1954 para uso comercial e de serviços, guarda muitas semelhanças com o Edifício Sede do Instituto de Arquitetos do Brasil-IAB, em São Paulo, de 1950, refletindo as influências que mantinha de sua formação. Além de comandar o escritório técnico que levava seu nome, participou da Associação de Engenharia de Ribeirão Preto-AERP e atuou na política, filiando-se ao Partido Trabalhista Nacional-PTN. 

Autores da ficha: Tatiana de Souza Gaspar e Valéria Eugênia Garcia.

Data da ficha: Junho de 2019

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