SOBRE A OBRA

Inaugurada dia 11 de novembro de 1982, a Casa da Cultura “Prof. Vicente Camargo” foi criada com o objetivo de abrigar os acontecimentos culturais da cidade, bem como a Biblioteca Municipal “Amadeu Amaral”. Quando de sua inauguração, contava com uma pinacoteca, biblioteca adulta e infantil, salão para mostras artísticas e sala para projeção de filmes. O edifício, exemplar de arquitetura moderna da Cidade, estrutura-se em quatro pavimentos em bloco único em concreto armado, permitindo balanços de 5,50m e vão central de 17m, sendo esse pavimento elevado apoiado em quatro pontos. Tem como principais características arquitetônicas o acesso franqueado em rampa, a elevação para a Av. São Carlos curvilínea, o uso do concreto aparente na estrutura e nos brises e a comunicação espacial e visual entre níveis articulados por meio de rampas em ângulo. Outros elementos arquitetônicos são igualmente importantes: a grande fachada em esquadrias metálicas envidraçadas, muros de divisa e fachada frontal com blocos cerâmicos aparentes, pergolado de concreto junto ao muro de divisa além do jardim rente ao muro de concreto. As diagonais das rampas e dos pavimentos, assim como a curva do pavimento elevado contrapõem-se à regularidade do lote retangular, propiciando dinamicidade entre níveis rompendo com a caixa ortogonal elevada alinhada à calçada. O projeto foi premiado com menção Honrosa pelo Instituto de Arquitetos do Brasil. Abrigou a sede da Prefeitura Municipal, tendo retomado posteriormente sua destinação original até 2017. Atualmente abriga a Secretaria Municipal de Educação de São Carlos. Seu muro de concreto, ao longo da Av. São Carlos, marcado por veios verticais foi aplainado e sobre ele foi instalado um de alto gradil metálico, que alterou a percepção visual da rampa e dos quatro apoios estruturais do bloco. Os gradis também foram instalados no perímetro de toda a cobertura (terraço de acesso restrito) e na entrada principal, junto à rua Treze de Maio.

​

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

O Brutalismo brasileiro, que por vezes é conhecido como Brutalismo Paulista, ou mesmo, Escola Paulista, independente da precisão de sua definição, conheceu durante os anos 1960 e, sobretudo, nos anos 1970 alcançando, também, o início da década de 1980 um largo período de experimentações.

Esse longo período que extrapolou o território paulista e mesmo as elaborações ideológicas que animaram o início da Escola Paulista, permitiu um grande desenvolvimento formal e uma variação de soluções expandindo o vocabulário arquitetônico. A obra de Perelmutter encaixa-se nessa expansão do Brutalismo renovando a difusão da arquitetura moderna no interior paulista.

​

SOBRE OS AUTORES 

Benno Perelmutter (1935-2017) foi um arquiteto e urbanista formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 1960. Atuou como autônomo de 1961 a 1971, em associação ao arquiteto Oswaldo Correa Gonçalves (1972-1981) (a partir de tal associação é criada, sob a direção técnica de ambos, a empresa Pluric – Escritório Pluricurricular de Projetos) e em 1981 fundou a Benno Perelmutter Arquitetura e Planejamento S/C Ltda, à qual associou-se o arquiteto Marciel Peinado em 1985. Foi docente na FAU/Santos (1971-1976), teve passagens na vice-presidência (1974-1975) e na presidência (1976-1977) do IAB/SP, foi assessor do Secretário Municipal de Planejamento no Governo Mário Covas (1983-1985) e vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, regional São Paulo, Sinaenco (1992-1993). Marciel Peinado (1949-) é um arquiteto e urbanista formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos em 1976 que estagiou nos escritórios de Ubirajara Giglioli, Paulo Mendes da Rocha e Maurício Roberto e participou como estagiário e posteriormente como colaborador do escritório de Oswaldo Corrêa Gonçalves e de Benno Perelmutter entre 1972 e 1984, tornando-se sócio deste último a partir de 1985. Atuou como coordenador do Centro de Documentação do IAB/SP (1982) e professor no departamento de projetos na Faculdade de Arquitetura da Universidade Católica de Santos (1980-1986). Ambos receberam diversas premiações e menções honrosas e seus projetos foram publicados em diversas revistas nacionais e internacionais.

​

Autores da ficha: Miranda Zamberlan Nedel, Miguel Antonio Buzzar, Caroline Niitsu de Lima, Jasmine Luiza S. Silva, Rachel Bergantin (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP).

Data da ficha: Fevereiro de 2020

​