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ESCOLA ESTADUAL PROFA LAURINDA VIEIRA PINTO

Ibiúna - SP 

Autor: Alfredo S. Paesani

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Escola Estadual Profa. Laurinda Vieira Pinto.

Data do projeto: 1959 - construção / inauguração: 1961.

Localização:  Rua Venezuela, 60, Jardim Nova Ibiuna, Ibiúna-SP

Autor(es)(as) do projeto: Arq. Alfredo S. Paesani.

Intervenções posteriores: O edifício sofreu significativas alterações em seu projeto original. 

Tamanho do lote e área construída: 3.7132 m² / 1.997,15 m²

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, A.A.A. Arquitetura escolar paulista 1959-1962: o PAGE, o IPESP e os arquitetos modernos. 2008. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
BERGANTIN, R. Arquitetura Moderna no Brasil e sua difusão. O Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo (1958-1961). Levantamento e registro documental. Relatório final de iniciação científica. Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016. (mimeo).
BERTONI, E. Alfredo Serafino Paesani (1930-2010) – Um militante da arquitetura. Folha de S. Paulo, São Paulo, 16 set. 2010, Cotidiano. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/799589-alfredo-serafino-paesani-1930-2010---um-militante-da-arquitetura.shtml>. Acesso em: 14 mai. 2019.
CONSELHO DE ARQUITETURA DO BRASIL – CAU/BR. Seis anos sem Alfredo Paesani, fundador do SASP e da FNA. Brasília, 15 set. 2016. Disponível em: <https://www.caubr.gov.br/seis-anos-sem-alfredo-paesani-fundador-do-sasp-e-da-fna/>. Acesso em: 14 mai. 2019.
FERREIRA, A.F.; MELLO, M.G. de (Org.). Arquitetura escolar paulista: anos 1950 e 1960. São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 2006.
LIMA, C.N. Análise arquitetônica de equipamentos públicos escolares produzidos pelo Plano de Ação (1959-1963). Relatório final de iniciação científica. Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016. (mimeo) 

SOBRE A OBRA

A Escola Estadual Profa. Laurinda Vieira Pinto está implantada em terreno retangular localizado em quadra isolada na região central da cidade de Ibiúna, interior do estado de São Paulo. Orientando-se pela topografia acidentada do lote, o arquiteto Alfredo Paesani organiza o programa da escola em níveis desencontrados, sob uma grande e única cobertura, em gesto semelhante ao adotado em algumas obras da Escola Paulista, a exemplo dos ginásios de Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi em Itanhaém, Guarulhos e Utinga. No caso da obra de Ibiúna, opta-se por uma cobertura inclinada, de uma única água, sustentada por pilares em “V” de grandes dimensões na área do pátio de recreio infantil coberto, e por pilares retangulares comuns nas demais áreas da escola. O programa fica, assim, organizado em três níveis: o nível inferior abriga o pátio de recreio infantil coberto, a cantina, sanitários e, em um núcleo isolado, as salas, pátios e apoios do pré-primário; no nível intermediário, está o bloco administrativo, contendo portaria, diretoria, arquivo, sala de professores, biblioteca, dentista e sanitários; e, no nível mais alto, o bloco didático com as salas de aula. Os pavimentos conectam-se por meio de largos corredores e escadas, em circulação centralizada na planta do edifício. 

O acesso à escola é feito pela Rua Venezuela, podendo ser pela ala administrativa, passando pela portaria, ou diretamente pelo pátio de recreio infantil. Atualmente, há ainda uma entrada secundária por meio de um bolsão de veículos, que também dá acesso à administração da escola. 

As soluções de fachada adotadas são simples e racionais. Na fachada sul, onde ficam as salas de aula, usa-se esquadrias basculantes de ferro e vidro e meia parede de alvenaria, em módulos alternados, com moldura de alvenaria que vai do piso ao teto, evidenciando o ritmo modular. O mesmo tipo de esquadria é utilizado na ala administrativa, na fachada norte. Na fachada leste, a platibanda segue a inclinação da cobertura do pátio, o que resulta em uma fachada imponente e de qualidade plástica tipicamente moderna. Em destaque na construção, a caixa d’água é uma torre isolada, originalmente revestida com tijolos aparentes. 

O edifício sofreu significativas alterações em seu projeto original. Parte da ala administrativa foi ampliada e a disposição de seus ambientes internos foram reorganizados. Novos anexos foram adicionados ao prédio, como uma sala extra próxima às salas de aula. Estas reformas não seguem a mesma linguagem arquitetônica original do edifício, possuindo soluções construtivas baratas e convencionais. A fim de se adaptar às novas necessidades programáticas escolares atuais, houve a construção de uma quadra poliesportiva coberta na porção mais baixa do terreno, próxima ao pátio de recreio infantil. Grades foram colocadas sobre as janelas e portões nas entradas da escola. Todo o perímetro do edifício escolar foi cercado por muros, o que impede a apreensão de sua arquitetura e rompe com a relação de continuidade com a rua de seu projeto original. Apesar das modificações, a escola mantém suas qualidades arquitetônicas e ainda se estabelece como um marco na paisagem da pequena cidade interiorana.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

O tipo monobloco no qual a definição da solução estrutural configura a concepção arquitetônica, tão caro a Escola Paulista, neste projeto adquiriu uma solução particular, caracterizada pela inclinação da cobertura, acompanhando o modelado do terreno, alterando a configuração tradicional do paralelepípedo na caixa de concreto. Além disso, os pilares esbeltos e em “V” emprestam grande leveza ao conjunto edificado. O edifício, no momento de experimentos arquitetônicos e construtivos que o Plano de Ação propiciou, apresenta uma interessante variação do tipo mais característico da Escola Paulista, ao mesmo tempo que se mostra a ela vinculado.

SOBRE OS AUTORES 

Arquiteto pela Universidade Mackenzie em 1954, Alfredo Severino Paesani (1930-2010) não manteve escritório próprio ou foco em sua carreira individual, mas se destacou, sobretudo, por sua atuação sindical em defesa da classe dos arquitetos brasileiros: foi um dos fundadores do IAB-SP, do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo, da Associação Profissional dos Arquitetos do Estado de São Paulo e ex-presidente da Federação Nacional de Arquitetos – FNA. Atuou como diretor do IAB-SP até 1962 e como o primeiro conselheiro no CREA/SP entre 1970 e 1975.
Iniciou sua carreira como profissional de arquitetura ao vencer, em 1957, junto com Paulo Mendes da Rocha e Pedro Paulo de Melo Saraiva, o concurso para o prédio da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Como diretor de projetos da Cecap (Caixa Estadual de Casas para o Povo, posteriormente CDHU), Candia contribuiu na construção de moradias populares em São Paulo, tendo participado, em 1967, da construção do Conjunto Habitacional Zezinho Guimarães Prado, de Vilanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha, considerado paradigmático para a habitação de interesse social no Brasil. Em 1977, participou da fundação da revista “Projeto Design”, editada ainda hoje. Na última década de vida, afastou-se da arquitetura para ajudar na administração do escritório de pesquisa de sua mulher, a socióloga Eugênia Sarah Paesani. Em 2009, recebeu a Medalha Anchieta da Câmara de Vereadores de São Paulo. Outras obras importantes de Paesani: Estação de Tratamento de Água em Campinas, com Fábio Penteado, 1956; e Sede do Clube Harmonia, São Paulo, com Fábio Penteado e Teru Tamaki, 1964. 

Autores da ficha: Caroline Niitsu de Lima, Miguel Antonio Buzzar, Jasmine Luiza S. Silva, Miranda Zamberlan Nedel, Rachel Bergantin, Maria Tereza R. L. de Barros Cordido e Kelly Yamashita (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP).

Data da ficha: Fevereiro de 2020

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