top of page

IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

São Carlos - SP 

Autor: Luiz Gastão de Castro Lima

22602440-preto-localizacao-pin-plano-icone-gps-mapa-ponteiro-simbolo-vetor_edited_edited.j

Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Igreja Nossa Senhora de Fátima.

Data do projeto/construção/inauguração: 1966 / 1970.

Localização/perímetro: Rua Dona Maria Jacinta, Nº 40, Jardim Paraíso, São Carlos-SP.

Autor do projeto: Arq. Luiz Gastão de Castro Lima.

Intervenções posteriores: Execução de rampa e escada lateral. Ampliação na parte posterior e frontal e fechamento com gradil. 

Tamanho do lote e área construída: 1.786,00 m² / 848,00 m².

Tombamento: não houve.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDI, C. K. P. B. Luiz Gastão de Castro Lima: trajetória e obra de um arquiteto. 2008. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2008.

FUJIOKA, P. Y. ANELLI, R. L. S., BERNARDI, C. K. P. B., FORESTI, D. F. Duas igrejas organicistas: influência de Frank Lloyd Wright na arquitetura moderna religiosa em São Paulo. In:  SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 9., 2011, Brasília. Anais. Brasília: UnB, 2011, p. 1-22

SOBRE A OBRA

O projeto da igreja Nossa Senhora de Fátima foi doado pelo arquiteto à Paróquia de Vila Pureza, bairro limítrofe com o Campus da USP em São Carlos. Lindeira a uma movimentada avenida, na antiga estrada que conduzia à região central paulista, o prisma regular e simétrico busca não estabelecer com a rua contato algum. Se não se isola por completo do meio urbano, retira dele uma luz difusa e resguarda o interior da nave do movimento externo, propiciando o silêncio necessário às atividades ecumênicas. A planta decorre da forma triangular do terreno, mas a implantação não se rende a suas inclinações. O declive natural da rua é vencido por um patamar que resulta em floreiras posicionadas no alinhamento da calçada. A ordem estrutural é definida por dez pares de lâminas, cuja largura é resultante do assentamento de um tijolo e meio, que encaixam as aberturas e reforçam a imagem de algo “preso à terra”. Um plano horizontal de quatro metros de largura apoiado sobre as lâminas percorre todo o perímetro da nave e se alarga na parte frontal para formar o coro e na parte posterior do altar, para cobrir a sacristia. Recurso utilizado em outros projetos do arquiteto, essa laje que se projeta como beiral reforça a horizontalidade do edifício e exerce dupla função, receber a calha pluvial na parte externa e a fiação elétrica na parte interna. Sobre a laje repousa uma cobertura de duas águas triangulares, cuja cumeeira é mais alta sobre a entrada e mais baixa sobre o altar, acentuando não apenas a perspectiva, mas também a qualidade acústica do edifício. O projeto original previa duas ante salas na entrada da nave que abrigariam a sala paroquial e a secretaria, enquanto a ala posterior ao altar serviria à sacristia, à sala do padre e áreas de apoio. Mudanças na estruturação da Igreja Católica alteraram o programa e resultaram em uma primeira reforma para criar a sala do Santíssimo, que antes ficava junto ao altar, na nave principal. Intervenções mais recentes resultaram no acréscimo de um par adicional de lâminas na face posterior do altar, além da construção de um átrio coberto na parte frontal. Ambas inserções buscaram mimetizar o aspecto formal do projeto original, bem como a materialidade do tijolo aparente.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

Única obra religiosa do arquiteto, a igreja se apresenta como representante da arquitetura organicista de Frank Lloyd Wright, por quem Castro Lima nutria grande admiração e em quem buscava referências. Esquiva-se, portanto, dos prismas sobre pilotis e outras premissas de matriz corbusiana, gerando inflexões em relação à arquitetura predominante na época. Como um interessante exercício que busca resolver o programa de um edifício religioso em um único volume, reflete as influências de Wright ao mesmo tempo em que revela características genuínas da arquitetura colocada por Castro Lima. O edifício constitui-se como um significativo exemplar da obra do arquiteto e reflete seu esforço, como pioneiro no interior, em construir um repertório moderno fora da capital.

SOBRE OS AUTORES 

Luiz Gastão de Castro Lima (1927-2003) nasceu em São Carlos, interior paulista, cresceu em um ambiente familiar ligado às artes e à literatura e recebeu influências diretas dos amigos Luiz Saia e Oswald de Andrade Filho. Após ter cursado dois anos na Escola Politécnica, transferiu-se para a recém-criada Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a contragosto dos pais, que desejavam ter um filho engenheiro. Declaradamente adepto a Frank Lloyd Wright, fez parte da segunda turma da FAU-USP, ao lado de Joaquim Guedes, Ariaki Kato, Ginez Velanga e Toshio Tone, participando dos embates entre wrightianos e corbusianos. Em 1956, recém-formado, seguiu carreira acadêmica tendo sido professor da graduação e pós-graduação na UNB, UNESP, UFSCar, EESC e FAU. Como arquiteto pioneiro em São Carlos, conciliou a rotina acadêmica com a vida no escritório, sempre interessado nas tecnologias de ponta e em suas aplicações na construção. Caminhou pela arquitetura, paisagismo, planejamento, design industrial, acústica, estrutura e comunicação visual, trazendo esse conhecimento ao canteiro e calculando a estrutura de praticamente todas as suas obras. Em 1960, após quatro anos lecionando na FAU, foi indicado para acompanhar as obras do campus da USP em São Carlos, projetando vários de seus primeiros edifícios.

Autores da ficha: Cristiane Kröhling Pinheiro Borges Bernardi.

Data da ficha: Novembro de 2019

bottom of page