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FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DE SANTOS

Santos - SP 

Autor: Michail Lieders e Oswaldo Corrêa Gonçalves

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos, FAU-Santos.
Data do projeto / construção / inauguração: 1973 / 1976.
Localização / perímetro: Avenida Conselheiro Nébias, 595 – Boqueirão, Santos-SP.
Autor do projeto: Arq. Michail Lieders e Oswaldo Corrêa Gonçalves.
Intervenções posteriores: Colocação de grade na frente do prédio, fechamento do pergolado na cobertura com instalação de telhado e forro, colocação de porta na entrada. Compartimentações internas para abrigar salas e laboratórios de acordo com as novas demandas do MEC. 
Tamanho do lote e área construída: 1.806,85m² / 3.920,00 m².
Tombamento: não houve.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

BRUNA, P. J. V. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 2002.
FICHER, S. Os arquitetos da Poli: ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: Edusp, 2005.
FORTIS, S. N. A formação do arquiteto na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unisantos – Universidade Católica de Santos: trajetória, organização curricular e condições de funcionamento no período de 1970 a 2003. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Católica de Santos, Santos. 2004.
GONÇALVES, O. C. Oração do Paraninfo. Santos: FAUS (mimeo), 1976.
MACEDO FILHO, J. M. D. Projeto FAUS, ensaios no campo ampliado do ensino de arquitetura em São Paulo. 2020. 350 p. Tese (Doutorado em arquitetura e urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2020. 

SOBRE A OBRA

O projeto de arquitetura para construção do edifício da FAU-Santos foi resultado de um concurso fechado entre os professores da escola (1972-1973), cujo programa de atividades e o sistema construtivo adotado foram determinados através de fóruns de debates entre docentes e estudantes da FAU-Santos, o professor vencedor do concurso Michail Lieders iniciou o projeto e o professor Oswaldo Corrêa Gonçalves passou a integrar a equipe de desenvolvimento do projeto legal sendo o responsável pela sua aprovação junto à Prefeitura Municipal de Santos. Pela velocidade de execução, foi escolhido o sistema construtivo com pré-moldados de concreto protendido e, neste sentido, foi contratada a Construtora Rodrigues Lima que, além de possuir grande experiência em pré-fabricação, tinha sob seu comando o arquiteto Otacílio Rodrigues, o que na opinião dos autores era fundamental ter um arquiteto-construtor. 
O sistema estrutural é totalmente padronizado, as peças dos painéis das lajes e de fechamento do edifício são desenhadas na mesma modulação de 2,50 metros, perfazendo um total de 259 peças. Além disso, os demais elementos construtivos são projetados neste mesmo sistema modular de maneira a integrar estrutura, fechamentos, divisórias industrializadas, caixilhos e elementos de proteção solar. 
O caráter restritivo do terreno com reduzidas dimensões foi decisivo nas decisões do projeto, pautadas pela busca do máximo aproveitamento do potencial construtivo do lote que, apesar de resultar em certo esquematismo, constatado no empilhamento das lajes, o projeto revelou o desejo de estabelecer com a cidade as melhores relações de continuidade espacial, como na FAU-USP, não tinha portas, era um constante convite para o visitante e, ao mesmo tempo, uma constante afirmação para seus estudantes da importância do caráter público e coletivo. Tal desejo pelo coletivo também pode ser verificado na ênfase dada aos espaços de convívio, tendo o atelier e o pergolado da cobertura sua maior expressão
A Sociedade Visconde de São Leopoldo, mantenedora das Faculdades Católicas de Santos, assumiu todos os custos desta grande empreitada, desde a compra do terreno, construção do edifício e manutenção, até os dias de hoje. Este edifício foi o primeiro a ser concebido e construído utilizando este avançado sistema de pré-fabricação em concreto armado e protendido na cidade de Santos.
Neste sentido, graças à flexibilidade prevista em seu projeto, o prédio da FAUS foi capaz de se adaptar às novas demandas e garantir que as alterações impostas não descaracterizassem sua configuração principal, estas se restringiram à arranjos internos executados com divisórias, em sua grande maioria, compostas por painéis de madeira industrializados, no entanto, com evidente prejuízo das áreas livres de convívio. Além destas transformações, o prédio, desde sua inauguração, admitiu o compartilhamento de seus espaços com outros cursos oferecidos pela Sociedade Visconde de São Leopoldo, primeiro Serviço Social, depois Engenharia civil e atualmente Direito. Estes cursos ocupam o terceiro pavimento do prédio desde 1984, quando o pergolado foi coberto. 
O edifício ficou pronto em 1976 e a FAUS foi reconhecida através do decreto nº 77.441/1976

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

A presente leitura demonstra o caráter didático deste projeto que juntamente com sua construção envolveu professores e alunos na discussão, concepção e desenvolvimento das propostas e teve como objetivo construir um edifício com caráter inovador na região. A materialidade apresentada em sua forma bruta, estrutura, vedações e instalações totalmente aparentes, a aplicação de materiais industrializados, desde o início, teve pretensões de ser um instrumento de apoio ao ensino, uma construção que reafirma indefinidamente o propósito de que o desenvolvimento e a aplicação de novos conceitos e tecnologias configuram novas possibilidades para o desenvolvimento econômico e social do país, uma contundente afirmação da linha de pensamento de Vilanova Artigas. É legítimo, portanto, enquadrar mesmo que tardiamente, o prédio da FAUS como um exemplar da chamada escola paulista de arquitetura.

SOBRE OS AUTORES 

Arq. Michail Lieders. Nascido na cidade de Praga na Tchecoslováquia no dia 14 de outubro de 1944, filho de Alexandre Lieders e Helena Prochazka Lieders, veio para o Brasil e se formou na FAU-USP em 1968. Foi sócio de Carlos Ferro e Alfred Talaat cujo escritório teve como colaboradores os destacados arquitetos André Vainer, Guilherme Paoliello e Anselmo Turazzi. Foi vencedor junto com o arq. Marcos Acayaba dos Concursos Públicos Estaduais para a construção dos Escritórios Regionais de Planejamento das cidades de Araçatuba, Bauru e Marília, promovidos pela Secretaria de Estado do Planejamento do Estado de São Paulo e Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento de São Paulo em 1976.

Arq. Oswaldo Corrêa Gonçalves. Nascido em Santos no dia 27 de fevereiro de 1917, filho de Balbina e Pedro Borges Gonçalves, família tradicional e abastada da cidade, passou a infância em um casarão próximo ao Orquidário Municipal da cidade, em frente a um dos canais de drenagem projetados por Saturnino de Brito no início do século XX. O engenheiro-arquiteto Oswaldo formou-se na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1941 e, desde então, esteve preocupado com a formação e com a prática profissional, foi professor na FAU-USP entre 1954-1955, exerceu a prática profissional através de seu escritório e das associações com outros profissionais além da atuação nas entidades de classe sendo, inclusive, presidente do IAB/SP, entre 1962-1963. Participou das diversas discussões ligadas ao processo de constituição profissional e acadêmica do arquiteto e urbanista.
 

Autores da ficha: José Maria de Macedo Filho.

Data da ficha: Dezembro de 2019

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