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AGÊNCIA DA CAIXA ECONÔMICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (CEESP)

Ibitinga - SP 

Autor: Siegbert Zanettini

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Agência CEESP Ibitinga.

Data do projeto/ construção/ inauguração: 1976-1978.

Localização/perímetro: Rua Prudente de Moraes, Nº 549 – Centro, Ibitinga-SP.

Autor do projeto: Arq. Siegbert Zanettini.

Intervenções posteriores: colocação de grades abaixo da empena, alterações no jardim, instalação de forro e substituição da escada original.

Tamanho do lote e área construída: 788 m² / 579 m².

Tombamento: não houve.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

CADERNOS BRASILEIROS DE ARQUITETURA. Arquiteto Siegbert Zanettini. Projeto. São Paulo, n. 8, p. 92, 1981.

FUJIOKA, P. Y.; SEVERINO, V. G. Siegbert Zanettini. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO SÃO PAULO, 6., 2018, São Carlos. Caderno dos homenageados, São Carlos: IAU-USP, 2018, p. 36-46. 

JORNAL CIDADE DE IBITINGA. Ibitinga, ed. 01 abr. 1978; ed. 03 jun. 1978; ed. 10 jun. 1978.

MÓDULO. Arquitetura Bancária. Módulo. Rio de Janeiro, n. 79, p. 40-63, mar. 1984.

PRÓSPERO, V. S. P. Continuidades e Impasses no Campo da Arquitetura: São Paulo de 1964 a 1976. In: ENANPARQ, 5., 2018, Salvador. Anais ... Salvador: UFBA, 2018, p. 21.

SEVERINO, V. G.; FUJIOKA, P. Y. Caixa Econômica Estadual de São Paulo em Ibitinga: 40 anos do exemplar de arquitetura bancária na cidade. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO SÃO PAULO, 6., 2018, São Carlos. Anais ... São Carlos: IAU-USP, 2018, p. 584-596.

ZANETTINI, S. Siegbert Zanettini: Arquitetura, Razão, Sensibilidade. São Paulo: Edusp, 2002.

SOBRE A OBRA

A agência foi projetada pelo arquiteto Siegbert Zanettini em 1976. Inaugurada dois anos depois, está implantada em uma localização estratégica na cidade, na esquina de duas importantes vias, entre duas praças da região central e em frente ao fórum. A solução de projeto do arquiteto tomou partido do relevo do sítio de forma virtuosa. O terreno possui um desnível aproximado de três metros, sendo que o edifício está assentado sobre um platô que se inicia na elevação posterior do lote, em cota superior, onde ficou o acesso principal. A partir daí, a diferença de nível entre a rua e o edifício é resolvida por meio de jardins laterais sob a projeção da empena e com um grande jardim na porção de cota inferior do terreno, à sombra das pérgolas, onde se dá o estacionamento externo. O partido adotado resolve as necessidades de um banco de forma simples: no térreo, há o grande salão de vão livre, com pé direito duplo, para os serviços bancários essenciais. Tal espaço aberto e desimpedido permite que as funções sejam exercidas de maneira flexível, conforme a dinâmica das necessidades de serviços bancários evolui ao longo do tempo. Apoiada nas empenas laterais, uma escada acessa o mezanino iluminado por um shed de iluminação zenital, onde estão os sanitários, a copa, o arquivo e o almoxarifado. Todo o volume está apoiado em quatro pilares de secção triangular. Um dos pilares também sustenta uma caixa d'água de prisma triangular, que preserva a geometria da pilastra. As duas lajes nervuradas, da cobertura e do mezanino, estão engastadas nas grandes empenas laterais que se apoiam nos pilares e avançam em balanço nas duas extremidades do edifício. Tais empenas recuam ao nível do térreo de forma escalonada para dentro, reforçando a ideia de uma calha ou canopla invertida e chanfrada nas extremidades, apoiada em quatro pontos. A volumetria do prédio se caracteriza pela materialidade do concreto armado aparente e pelas cortinas de vidro, em alguns casos junto a caixilhos corridos que seguem a modulação da estrutura; e pela sua geometria ousada de canopla chanfrada, com balanços vazados por pérgolas nas extremidades. Na porção mais alta do terreno, o pórtico menor demarca o acesso principal; do lado oposto, a pérgola maior adquire monumentalidade pela escala e maior altura em relação à cota da rua e à inclinação do sítio. Tal como grande parte da produção paulista do período, pode-se perceber na volumetria aberta, escalonada para dentro com os balanços chanfrados com pérgolas, uma dissolução dos limites entre exterior e interior, resolvida através de jardins laterais. Atualmente, a agência encontra-se desativada.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

A vertiginosa expansão econômica e geográfica do sistema bancário verificada na segunda metade da década de 1970 resulta em uma intensa implantação de novas agências bancárias em todo o País. A larga disponibilidade de recursos junto a um programa de necessidades descomplicado, que funcionava muito bem em um espaço aberto e fluido, de planta livre, envolvido por uma casca de concreto ou por grandes planos horizontais, propiciaram a muitos arquitetos a possibilidade de várias experimentações projetuais e estruturais. 

Assim, a produção da arquitetura bancária no período é reconhecida pelo experimentalismo e até por ter sido um tipo de “laboratório” de arquitetura que, pela abrangência da expansão geográfica das instituições bancárias, é representativa da afirmação da Arquitetura Moderna Paulistana em sua expansão no interior do Estado. 

Esta obra constitui também exemplo virtuoso e expressivo de solução de projeto da Escola Paulista com solução em pórtico de concreto armado apoiado apenas em quatro pilares periféricos que sustentam empenas da casca estrutural, permitindo que todo o espaço interno esteja livre e desimpedido de pilares, incluindo o mezanino. Desta forma, permite-se a máxima flexibilização de arranjos de layout internos, necessidade básica da dinâmica da atividade bancária.

SOBRE OS AUTORES 

Siegbert Zanettini é paulistano, nascido em 1934. Filho de pai mestre marceneiro, formou-se arquiteto e urbanista pela FAU-USP em 1959. Contemporâneo de arquitetos como Eduardo de Almeida, fez parte da geração que iniciou sua carreira profissional num período histórico de consolidação e afirmação da arquitetura moderna no Brasil, parte do processo acelerado de desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico iniciado no pós-guerra. Por outro lado, esta geração também enfrentou a repressão política do Regime Militar a partir do golpe de 1964, e fez parte da luta pela redemocratização do Brasil, inclusive dentro das universidades públicas. Cinco anos depois de formado, em 1964, o arquiteto inicia sua atuação na docência como professor da FAU-USP. Desde o início de sua carreira como professor e pesquisador, que duraria 50 anos, e na sua prática profissional, Zanettini se destaca pela procura por inovações projetuais e técnicas, muitas vezes pioneiras. Entre as décadas de 1960 e 1980, temos um rico período de experimentação em concreto, tijolo, madeira e o início da pesquisa em aço. São desta época o premiado projeto para o Hospital e Maternidade da Vila Nova Cachoeirinha em São Paulo (1968-72), as casas em São Paulo de madeira e tijolo como a Residência Raphael de Freitas (1972-73); e do concreto armado de detalhamento preciso e refinado, como a de Américo Moreira Jr. (1975-77). A partir dos anos 1990, a produção arquitetônica caracterizou-se pela exuberância formal e cromática no uso da estrutura metálica, além de conquistar uma clientela de projetos complexos de arquitetura hospitalar, laboratórios, indústrias e escolas, todos de grande porte. Atualmente, o arquiteto continua em atividade.

Autores da ficha: Paulo Yassuhide Fujioka e Vinicius Galbieri Severino.

Data da ficha: Julho de 2019

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