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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO MONSENHOR BICUDO

Marília - SP 

Autor: Salvador Candia

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Instituto de Educação Monsenhor Bicudo
Data do projeto: provavelmente 1959 / construção / inauguração: 1962
Localização: Avenida Rio Branco, 803, Senador Salgado Filho, Marília-SP.
Autor(es)(as) do projeto: Arq. Salvador Candia
Intervenções posteriores: Todo o Conjunto do Instituto encontra-se bem conservado. Há gradeamentos em vários acessos, que prejudicam a fruição espacial pretendida, entretanto, as características arquitetônicas originais mantêm-se preservadas. 
Tamanho do lote e área construída: 13.000 m² / 7.730,75 m².

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, A.A.A., Arquitetura escolar paulista 1969-1962: o PAGE, o IPESP e os arquitetos modernos paulistas. 2008. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2008.
FERREIRA, A.F.; MELLO, M.G. (Org.). Arquitetura escolar paulista: anos 1950 e 1960. São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 2006.
FERRONI, E.R. Aproximações sobre a obra de Salvador Candia. 2008. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
FERRONI, E.; IWAMIZU, C.S. (Orgs.). Salvador Candia. São Paulo: Editora da Cidade, 2013.
HADLICH, F. As escolas do Ipesp: projetos de edifícios escolares produzidos para o Instituto de Previdência do Estado de São Paulo de 1959 a 1962. 2009. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

SOBRE A OBRA

Um dos maiores edifícios construídos pelo IPESP, se não o maior, o Instituto de Educação Monsenhor Bicudo pode ser considerado ainda hoje um ícone da arquitetura moderna do Estado de São Paulo. Implantada em terreno de formato irregular localizado na principal avenida da cidade de Marília, Rio Branco, a escola chama atenção por seu grande porte e pela linguagem moderna adotada em seu projeto, contrastando com as construções de arquitetura convencional predominantes no interior até então.  Com um extenso programa, muito mais complexo do que o presente nas escolas construídas na época, o edifício abriga, além das salas de aula e dos espaços administrativos, pátio de recreio infantil coberto, museu, biblioteca, laboratórios, ginásio de esportes, anfiteatros, biblioteca, espaços de saúde, e salas de trabalhos manuais e desenho. 
O programa da escola se concentra em três grandes blocos, conectados por passarelas cobertas. O uso de estrutura independente permite o uso de pilotis em parte do térreo, criando circulações e espaços livres e cobertos, como o da área de recreio infantil, sob a lâmina alta contendo as salas de aula. Grandes planos de vidro são usados no fechamento das salas, trazendo luminosidade abundante a estes ambientes e permitindo visão para os vários jardins presentes na escola. Nota-se influência de Plínio Croce e Roberto Aflalo, com quem Candia trabalhou em diversos momentos, no elegante desenho dos batentes das portas que se integram às esquadrias. O uso de aberturas em paredes paralelas, principalmente em ambientes de maior permanência, proporciona ventilação cruzada, garantindo conforto aos usuários. Blocos vazados de concreto são utilizados em passagens e muros.  Em toda a escola, a cobertura é apoiada em tesouras de madeira, com a platibanda evidenciando o desenho da cobertura de duas águas. 
O edifício final construído apresenta algumas diferenças em relação ao proposto originalmente por Candia, devido a algumas inconsistências entre os projetos arquitetônico e estrutural, como na substituição das soluções para a estrutura das salas de aula (caixões perdidos substituídos por vigamentos aparentes). 
O acesso principal é feito nos fundos do lote, pela Rua Celular José Brás, agravando a situação de abandono em que se se encontra a escola atualmente. O núcleo do pré-primário possui acesso próprio, pela Avenida Rio Branco, sendo isolado do restante da escola e contendo espaço de recreio exclusivo aos alunos desta faixa etária. Pequenos lances de escada vencem os diferentes níveis da escola, com dois blocos de escadas servindo à circulação vertical: um no espaço de recreio coberto, que leva ao bloco didático, nos pavimentos superiores, e à sala do grêmio estudantil, no inferior; e outro próximo à ala administrativa, que desce para o ginásio e aos vestiários. O projeto de Salvador Candia toma partido da declividade do terreno, com as cotas de nível dos primeiros pavimentos definidas a partir dos limites do lote, o que gera uma diferença de altura de um pé-direito entre o ginásio e o pavimento térreo, permitindo acomodar o prédio em diferentes níveis, de forma a aproveitar toda a extensão do lote.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

O edifício em lâmina, por si só, representa um marco da difusão da arquitetura moderna no interior do estado, sua associação com os blocos térreos que abrigam a pré-escola e atualmente os primeiros anos do ensino fundamental, representam um conjunto moderno de excepcional qualidade, que articula verticalidade e experimento formal. O Instituto está implantado em um espigão na cidade e passados quase 50 anos desde a sua inauguração, ainda possui grande visibilidade e representa um marco urbano na cidade de Marília. 

SOBRE OS AUTORES 

Nascido em Campo Grande, MS, Salvador Roque Augusto Candia (1924-1991) atuou a maior parte de sua trajetória como arquiteto na cidade de São Paulo, onde se mudara com sua família em 1933. Filho de imigrantes italianos, Candia possuía forte conexão com suas raízes italianas, cultivando relações com arquitetos de mesma origem, como Rino Levi – de quem foi estagiário – e Plínio Croce e Ginacarlo Gasperini – com quem se associou em diversos projetos em sua carreira. 
Iniciou seus estudos na Escola de Engenharia da Mackenzie em 1943, vindo a concluí-los na recém-inaugurada Faculdade e Urbanismo da mesma universidade em 1948. Durante seu período universitário, atuou como editor da revista Pilotis. Participou de grandes movimentos culturais da cidade de São Paulo, como a fundação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e na organização das primeiras Bienais de Arte e Arquitetura.
Assumidamente influenciado por Mies van der Rohe, Candia buscou responder às questões da complexidade do edifício e dos novos programas modernos em seu contexto urbano, atuando especialmente no mercado imobiliário paulistano entre as décadas de 1950 e 1960. Do seu acervo de obras, destacam-se os edifícios verticais de programas diversos que projeta para o centro de São Paulo: os projetos residenciais Edifício João Ramalho (1953-54), e os dois blocos do Jardim Ana Rosa (1954-60), este juntamente com Álvaro Vital Brazil; e as torres de escritórios e espaços comerciais, como o Edifício Metrópole (1959-60), em parceria com Giancarlo Gasperini, o Edifício Joelma (1968) e o Edifício das Nações Unidas (1974). 

Autores da ficha: Caroline Niitsu de Lima, Miguel Antonio Buzzar, Maria Tereza R. L. de Barros Cordido, Jasmine Luiza S. Silva, Miranda Zamberlan Nedel e Rachel Bergantin (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP). 

Data da ficha: Fevereiro de 2020

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