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ANTIGO GRUPO ESCOLAR PANDIÁ CALÓGERAS

São Paulo - SP 

Autor: Hélio de Queiroz Duarte

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Antigo Grupo Escolar Pandiá Calógeras (atual Escola Estadual Pandiá Calógeras).
Data do projeto: 1949 Construção:1950-1951 Inauguração: 1951.
Localização/perímetro: Av. Paes de Barros, nº 1025 – Mooca, São Paulo-SP.
Autor do projeto: Arq. Hélio de Queiroz Duarte.
Intervenções posteriores: Construção de uma quadra poliesportiva e instalação de cercas no jardim foram realizadas em 2013; além de obras para acessibilidade e construção de um anexo ao lado do galpão (recreio coberto), sobre as quais não se encontraram informações.
Tamanho do lote e área construída: 7.200 m² e 2.500 m² (Fonte: Cadastro da PMSP; Processo de Tombamento do CONPRESP).
Tombamento: Municipal, Resolução nº 30/CONPRESP/2018. Solicitante do tombamento: Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) – Quadro nº 6 (Lei Municipal nº 13.885/2004).

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, I. R. N. Convênio Escolar: Utopia construída. 2007. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2007.
ACROPOLE. Grupos escolares: “Pandiá Calógeras”, “Cesar Martinez”. Acropole. São Paulo, Ano 12, n. 141, p. 234-236, jan. 1950.
DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE SÃO PAULO (DPH). Processo Administrativo: 2018-0.010.126-7. 
DUARTE, H. Q.; TAKIYA, A. (Org.). Escolas Classe, Escola Parque. Hélio de Queiroz Duarte. 2. ed. ampliada. São Paulo: FAU-USP, 2009.
FERREIRA, A. F.; MELLO, M. G. Arquitetura Escolar Paulista: anos 1950 e 1960. São Paulo: FDE, 2006.
SEGAWA, H. Hélio Duarte: Moderno, peregrino, educador. In: TAKIYA, A. (Org.). DUARTE, H. Q. Escolas classe escola parque. 2ª edição, São Paulo: FAUUSP, 2009, p. 37-78. (Versão modificada, complementada e atualizada de artigo com mesmo título publicado em: AU [Arquitetura e Urbanismo], São Paulo, n. 80, p. 59-65, out./nov. 1998).
TAKIYA, A. Edif 60 anos de Arquitetura Pública. 2009. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2009.
WISNIK, G. O programa escolar e a formação da “escola paulista”. In: FERREIRA, A. F.; MELLO, M. G. Arquitetura Escolar Paulista: anos 1950 e 1960. São Paulo: FDE, 2006, p. 59-66.

SOBRE A OBRA

O antigo Grupo Escolar Pandiá Calógeras, cujo projeto é de 1949, foi um dos primeiros a ser construído no âmbito do Convênio Escolar, firmado entre o Estado e a Prefeitura de São Paulo em 1948, visando a construção de equipamentos escolares em larga escala, na capital do Estado, para atender a demanda crescente por vagas, em uma cidade que crescia aceleradamente. Nessa obra aplicaram-se os princípios pedagógicos do movimento da Escola Nova, que defendia, desde os anos 1930, a formação de um novo homem frente aos desafios de uma sociedade urbano-industrial então em consolidação, encontrando sua expressão espacial e plástica na arquitetura moderna. A preocupação da Escola Nova com a formação integral do aluno – física, intelectual, psicológica e moral – traduziu-se nos projetos do Convênio Escolar e neste, em especial, de Hélio Duarte para a Pandiá Calógeras, tanto no diversificado programa de atividades oferecidas, como nas condições espaciais e plásticas do partido arquitetônico adotado. Mais compacta do que outras escolas do Convênio, devido ao fato do terreno abrigar também o teatro distrital Arthur de Azevedo, a Pandiá Calógeras encontra-se solta no lote, ligada à rua por um caminho curvo que leva ao acesso principal. Atendendo aos preceitos modernistas de organização racional do espaço, o edifício escolar desenvolve-se em três blocos independentes e interligados por corredores internos, diferenciados volumetricamente, que separam as funções pedagógicas, administrativas e de recreação. A planta dos blocos administrativo e pedagógico se desenvolve em formato de um “Y”, fechado pelo galpão de função recreativa, conformando um jardim central entre esses elementos. Essa disposição do conjunto proporciona maior proximidade do aluno com um espaço escolar de escala mais amigável, não monumental - como o das antigas escolas da República Velha -, convivendo com espaços ajardinados. O bloco administrativo, térreo, que, entre outras funções, abriga a diretoria, sala de professores e biblioteca, destaca-se por seu volume prismático e longa cobertura em uma água. Sua fachada abriga o acesso principal da escola, coberto por delgada marquise apoiada em colunas de ferro, e é marcada por sequência de elementos verticais que protegem as janelas à maneira de brises. Essa testada apresenta, ainda, uma singela estrutura vazada, originalmente fechada com peças metálicas verticais, integrando os blocos administrativo e recreativo, e permitindo a visão do jardim. O bloco pedagógico possui dois pavimentos, com coberturas de uma água e pequeno trecho de duas águas, com inclinação em “asa de borboleta”. Além de quatorze salas de aula, o inovador programa educacional se configura nos museus de ciências, geografia e história; e nos gabinetes para médico, dentista e assistente social. As longas linhas de janelas dessas salas estão voltadas para os fundos do lote, distantes dos ruídos da avenida, e sua ventilação cruzada é favorecida pelos cobogós nos corredores de circulação. O galpão, que se destaca pelo formato curvo de sua cobertura, com estrutura em arco abatido, destina-se a atividades esportivas e recreativas, com palco, vestiários, cozinha e dependências para zelador. Como as demais obras do Convênio, essa escola apresenta componentes construtivos simples e baratos, bem como aspecto singelo: estruturas e alvenarias revestidas; estrutura do galpão em concreto pré-moldado; telhas de fibrocimento; e esquadrias metálicas.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

O antigo Grupo Escolar Pandiá Calógeras - hoje Escola Estadual - pertence ao conjunto de dezenas de equipamentos - entre grupos escolares, ginásios, bibliotecas, parques infantis e postos de saúde - que constitui a primeira manifestação da arquitetura moderna pública no Estado de São Paulo. Obra significativa no universo da produção do Convênio Escolar (1949-1959), tanto por suas qualidades funcionais, espaciais e plásticas, como pelo fato de ser projeto do arquiteto Hélio Duarte, que exerceu importante papel de coordenação na Comissão Executiva do Convênio, imprimindo, de forma inovadora, a marca da proposta pedagógica do educador Anísio Teixeira à arquitetura escolar. Será nas décadas de 1950 e 1960 que o ideário da Escola Nova, defendido com grande ímpeto, sobretudo a partir dos anos 1930, terá influência decisiva sobre a concepção dos espaços escolares. Como uma das primeiras escolas a serem construídas no âmbito do Convênio, a Pandiá Calógeras consiste em obra relevante para a história da arquitetura escolar em São Paulo e no Brasil. Muitas de suas soluções foram adotadas em outras escolas, definindo uma certa tipologia de edifício escolar moderno: funções separadas em blocos independentes e interligados; presença de galpão para atividade recreativa com tipologia em arco de concreto pré-moldado; bloco pedagógico com amplas aberturas; volume térreo, para atividades administrativas, com aberturas menores; coberturas inclinadas, de uma água ou em forma de “asas de borboleta”, com telhas de fibrocimento; bem como a presença de elementos a maneira de cobogós e brises, e peças metálicas em sua concepção plástica. Rompia-se, assim, com a monumentalidade e simetria do bloco único, de circulação central, tão característico das escolas da República Velha, tornando o espaço escolar mais amigável para a criança.

SOBRE OS AUTORES 

Hélio de Queiroz Duarte (Rio de Janeiro, 1906 - São Paulo, 1989) formou-se, em 1930, como arquiteto na Escola Nacional de Belas Artes (RJ), tendo desenvolvido projetos por todo o Brasil e atuado em diversas frentes - como funcionário de empresa privada e pública, profissional liberal e educador. Ao se formar, colaborou na formulação do plano urbanístico de algumas cidades, e, em 1934, começou a trabalhar como arquiteto no Banco Hipotecário Lar Brasileiro, o que o levou, dois anos depois, a Salvador, marcando uma nova etapa em sua carreira, tanto por seu trabalho na Companhia Brasileira Imobiliária e de Construções, empresa importante na disseminação da arquitetura moderna naquela cidade, como pelo início de sua atividade docente na Escola de Belas Artes. Ainda naquela empresa - em que trabalharia até 1947 -, mudou-se para São Paulo em 1944, onde consolidou seu comprometimento com os princípios da arquitetura moderna. Passou a realizar trabalhos em parcerias e sociedades com outros colegas, que resultaram em uma produção moderna de linhagem carioca, de filiação corbusiana. Fundamental na sua trajetória foi a sua aproximação com o educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971), um dos principais representantes da Escola Nova no Brasil, durante o planejamento geral do Centro Educacional Carneiro Ribeiro em Salvador. Inaugurado em 1950, esse Centro foi a expressão material pioneira da ideia de Escola Classe e Escola Parque, formulada por Teixeira. Duarte e Diógenes Rebouças (1914-1994) foram os primeiros arquitetos a traduzirem para a arquitetura o ideário daquela filosofia educacional. Essa experiência habilitaria Duarte a exercer um papel fundamental no Convênio Escolar (1948-1952), em São Paulo, sendo um dos arquitetos-chefe de sua Comissão Executiva, responsável pela direção técnica do planejamento das obras. A nova concepção do edifício escolar moderno foi, então, profundamente influenciada por Hélio Duarte, tanto em seus agenciamentos funcionais quanto em sua expressão plástica, aproximando educação e arquitetura. Além de sua produção projetual, e de parcerias com importantes arquitetos modernos, participou, também, de associações como os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna e o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo, e ofereceu importante contribuição para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1949-1976), criando o Trabalho de Graduação Interdisciplinar, bem como organizando o primeiro curso de pós-graduação em arquitetura do país

Autores da ficha: Andréa de Oliveira Tourinho, Gabriela Alavarque, Lucas de Morais e Marcella Lima.

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