EDIFÍCIO LAUSANNE
Fachada principal. Foto: Deborah Iwai.
Vista do prédio da Avenida Higienópolis. Foto: Bruna Gratão.
Detalhe da escada e guarda-corpo. Foto: Lilian Lawand.
Fachada principal. Foto: Deborah Iwai.
Imagens da obra
Planta do pavimento térreo. Fonte: Revista Acrópole, acervo digital FAU-USP
Planta do 1º ao 13º pavimento. Fonte: Revista Acrópole, acervo digital FAU-USP
Elevação sul do Edifício Lausanne. Desenho: Mariana Fries Pires.
Planta do pavimento térreo. Fonte: Revista Acrópole, acervo digital FAU-USP
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Edifício Lausanne
Data da projeto/construção/inauguração: 1953-1958
Localização/perímetro: São Paulo, Av. Higienópolis, 101/111.
Autor do projeto: Arq. Franz Heep
Intervenções posteriores: Manutenção no jardim e impermeabilização, retirada de guarita
Tamanho do lote e área construída: 1.636,46m2 / 13.959,13m2
Tombamento: não houve
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Marcelo Consiglio. Adolf Franz Heep: um arquiteto moderno. 2012. 391 f. Tese (Doutorado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.
LUCCHINI JUNIOR, Edson. Adolf Franz Heep : edificios residenciais : um estudo da sua contribuição para a habitação coletiva vertical em São Paulo nos anos 1950. 2010. 300 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010.
KAMBARA, Ricardo. Um Percurso Em Um Bairro Moderno _ ART. Disponivel em:
<http://docomomo.org.br/wp-content/uploads/2016/01/059_M11_RM_pdf> . Acesso em: 22 jun.2019.
Revista Acrópole, n. 239, p. 504-509, 1958
SOBRE A OBRA
O Edifício Lausanne, projetado pelo arquiteto Adolf Franz Heep em 1958, foi um importante marco para a consolidação do modelo vertical de residência de luxo. É lembrado por sua fachada dinâmica inovadora, com persianas móveis coloridas, separadas ao longo dos andares por linhas brancas horizontais de 30 cm de altura, que correspondem às lajes. Situado na Avenida Higienópolis, se tornou referência para outras obras modernistas de arquitetos renomados.
“O edifício Lausanne caracteriza-se por um bloco isolado, portanto, possui quatro passíveis de tratamento arquitetônico. Na fachada voltada para a avenida Higienópolis, identificam-se três momentos distintos, que definem claramente o térreo, o corpo principal e o coroamento do edifício. O térreo é caracterizado pela sequência de pilotis, que revela o ritmo estrutural do edifício, oculto nas demais partes superiores da fachada.” (LUCCHINI, 2010, p.124)
Em terreno de topografia plana o edifício possui volume que segue a geometria retangular do lote, composto por dois blocos unidos e espelhados entre si, com acessos e circulações verticais independentes. Conta com o recuo frontal de 9,30m do alinhamento da Avenida Higienópolis, onde abrange um grande jardim. O pavimento térreo encontra-se 1,60m acima do nível da rua, o que permite um subsolo semi-enterrado, solução que reduziu as escavações e minimiza o comprimento de rampas de acesso aos níveis do subsolo e do térreo, onde fica a entrada principal.
O edifício contém o térreo mais quinze pavimentos, além do subsolo de estacionamento. No total são 61 unidades de apartamentos estando dois apartamentos no térreo, que contam com uma conformação espacial concebida sob as mesmas premissas das utilizadas nos apartamentos dos andares superiores, possuem 165m2 e atualmente são usados como área de uso comum do prédio.
Do primeiro ao décimo terceiro andar, contabiliza 52 unidades de 175m² cada uma, possui quatro unidades por pavimento, sendo as duas tipologias situadas nas extremidades idênticas, diferindo das duas centrais apenas na disposição e tamanho dos banheiros e dormitórios de empregada, mas permanecendo com a mesma disposição interna e 3 dormitórios. Já o décimo quarto andar possui recuo frontal de 2,15m do alinhamento, permanece com 4 unidades porém conta com diminuição da área das unidades para 152m2, com o arranjo espacial semelhante ao dos apartamentos dos andares inferiores, porém com apenas 2 dormitórios. O décimo quinto andar é o que possui a maior quantidade de alterações em comparação com as outras tipologias, devido ao recuo de mais de 2,5m em relação à fachada. O andar possui três unidades, sendo que uma delas ocupa todo o bloco esquerdo do edifício e conta com 264m2 de área e três dormitórios. O bloco direito é dividido em duas unidades de 133m2, com arranjos espaciais diferentes e com dois dormitórios cada.
SOBRE O AUTOR
Adolf Franz Heep (Fachbach, Alemanha, 1902 – Paris, 1978), formou-se em arquitetura na Escola de Artes e Ofícios de Frankfurt, em 1926, onde trabalhou com seu ex-professor Adolf Meyer no Departamento Municipal de Construções da cidade. Em 1928, transfere-se para Paris, e ingressa no curso da École Spéciale d'Architecture, onde trabalhou com André Lurçat (1894-1970) e Le Corbusier (1889-1965), com quem colaborou até 1932.
Em seguida, associa-se ao arquiteto polonês Jean Ginsberg e realiza uma série de edifícios residenciais em Paris, entre os quais se destacam o da Avenue de Versailles (1933), o da Avenue Vion-Whitcomb (1934), e o da Rue des Pâtures (1935). Com a escassez de trabalho no contexto europeu do pós-Segunda Guerra Mundial, imigra para o Brasil em 1947, mais especificamente para São Paulo.
Na capital paulista, emprega-se no escritório de outro arquiteto imigrante, o francês Jacques Pilon (1905-1962). Com Pilon, participa da elaboração do edifício-sede do jornal O Estado de S. Paulo, introduzindo elementos modernos como o brise-soleil em um projeto originalmente art deco.
Em 1950, trabalha por um breve período com Henrique Mindlin (1911-1971), e abre escritório próprio dois anos depois. A partir daí, atua predominantemente no mercado de incorporações voltado para edifícios residenciais, desenhando desde apartamentos de luxo, no bairro de Higienópolis, até quitinetes no centro de São Paulo.
Na década de 50 e 60 Heep atuou como professor de projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie e trabalhou como membro do Conselho de Arquitetura da Organização das Nações Unidas - ONU para os países latino-americanos.
IMPORTÂNCIA PARA O MOVIMENTO MODERNO
Obra significativa no uso das persianas móveis e coloridas da fachada, que criam cheios e vazios dispensando outros elementos arquitetônicos. Segue em uso as práticas estabelecidas pelos arquitetos modernos na época (anos 1960), como aspecto clean dos desenhos traduzido em longas janelas em fita e pilotis que permitem ampla circulação. Resolução competente racionalista do arquiteto, articulado pelo núcleo de circulação vertical e com tipologias bem dimensionadas, seguindo a forma geométrica simples do edifício.
Redação da ficha: Mariana Pires e Yasmin de Paula Mazza.