CENTRO TÉCNICO DE AERONÁUTICA - CTA
Maquete do projeto vencedor do concurso, Oscar Niemeyer, 1947. Plano Geral para o CTA. Oscar Niemeyer, 1947. Fonte: ITA.
Implantação. Fonte: Google Earth. Acesso em: 13 julho, 2019.
Vista do Bloco residencial destinado aos estudantes do ITA. Acervo ITA.
Maquete do projeto vencedor do concurso, Oscar Niemeyer, 1947. Plano Geral para o CTA. Oscar Niemeyer, 1947. Fonte: ITA.
Imagens da obra
Perspectiva vôo de pássaro do projeto original. Em primeiro plano o lago e o Centro Esportivo. Uma grande avenida ligaria a Área Residencial ao Centro Esportivo e a outra, pedestrianizada, central na composição, arborizada, o uniria ao Centro Cívico, Administração e Escolas. Fonte: Acervo ITA.
Perspectiva vôo de pássaro do projeto original. Em primeiro plano o lago e o Centro Esportivo. Uma grande avenida ligaria a Área Residencial ao Centro Esportivo e a outra, pedestrianizada, central na composição, arborizada, o uniria ao Centro Cívico, Administração e Escolas. Fonte: Acervo ITA.
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Centro Técnico de Aeronáutica
Data da projeto/construção/inauguração: projeto: 1947, inauguração, 1951.
Localização/perímetro: Av. Brg. Faria Lima, 1.941 - Parque Martin Cerere, CEP 12227-000 - São José dos Campos, SP
Autor do projeto Urbanístico e Arquitetura: Oscar Niemeyer
Intervenções posteriores: pequena adaptação do plano geral, construção parcial das edificações.
Tamanho do lote e área construída: 9.280.0000 m²
Tombamento: em estudo
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Acervo CTA, Centro Técnico de Aeronáutica, São José dos Campos.
Acervo ITA (Instituto Técnico Aeroespacial), São José dos Campos.
BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981
MINDLIN, Henrique E. Arquitetura Moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 1999.
PENEDO, Alexandre. Arquitetura Moderna - São Jose dos Campos. SJC: Edição do autor, 1997.
SANTOS, Ademir P. Arquitetura Industrial – São José dos Campos. SJC: Edição do autor, 2005.
UNDERWOOD, David K. Oscar Niemeyer e o Modernismo de Formas Livres no Brasil. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2002.
SOBRE A OBRA
A construção do CTA, Centro Técnico de Aeronáutica, atual DCTA, Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, foi um dos principais projetos do Ministério da Aeronáutica, criado por Getulio Vargas em 1941. Coube ao CTA viabilizar um dos objetivos deste setor das Forças Armadas, que era dotar o País de uma base sólida para impulsionar a indústria aeronáutica, civil e militar. O programa do CTA foi concebido a partir dos modelos americanos de centros de excelência científica. O plano inicial foi elaborado pelo chefe do Curso de Aeronáutica do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Prof. Richard Smith. Mas coube ao então Coronel Aviador Engenheiro Casimiro Montenegro Filho adaptá-lo.
Além da previsão de três pistas de pouso o programa contemplava obras distribuídas em cinco setores ou zonas: a Zona do Aero clube e dos aeroportos, civil e militar; a Zona das Escolas; a Zona Industrial; a Zona Residencial; a Zona Recreativa e o Hospital. Trata-se de um dos exemplos mais significativos de aplicação por um arquiteto nacional, dos conceitos de Ebenezer Howard, autor da proposta das “Cidades Jardins”, como as “cidades do amanhã”.
A busca do equilíbrio entre a vida urbana e a natureza, especialmente a vegetação, tornou-se um ideal que está na origem do urbanismo moderno. O CTA constitui-se num exemplar significativo desta busca pelos arquitetos modernistas. A comissão julgadora em 8 de fevereiro de 1947 anunciou como vencedor o projeto de Niemeyer reconhecendo que apresentava uma ligação “bem estudada” com a cidade e os “Prédios que se destacam como os que melhor atendem ao edital”.
Como dizia o autor no texto que acompanhava seu projeto: “Procuramos inicialmente fixar a ligação entre o CTA e a cidade de São José dos Campos. Tomando como ponto de partida a principal rua dessa cidade, contornamos a represa de forma a garantir a área suficiente para a localização de todos os elementos do centro esportivo num só conjunto. A partir do estudo das distâncias e deslocamentos do morador o arquiteto chegou a um equilibrado arranjo das zonas e setores que reuniriam os futuros edifícios. “Fixada a principal via de acesso e o centro esportivo começamos a estudar o zoneamento dos demais setores, tendo em vista as condições locais e as relações funcionais estabelecidas pelo programa. Situamos assim o centro administrativo de forma a ficar centralizado no conjunto principalmente com relação as habitações, escola e esporte. Essa disposição além de reduzir os percursos, garante também ao centro administrativo maior ligação com esses setores. Para isso traçou então duas avenidas internas, paralelas à primeira de acesso ao CTA a partir do centro da cidade. Uma grande avenida ligaria a Área Residencial ao Centro Esportivo e a outra, centralizada na composição, monumental e arborizada, uniria o Centro Cívico (formada pelos edifícios da Administração e as Escolas) à outra praça monumental e arborizada no Centro Esportivo. A zona industrial com os laboratórios e aeroportos civil e militar foram dispostos junto às pistas.
IMPORTÂNCIA PARA O MOVIMENTO MODERNO
O CTA reúne edificações seminais para a difusão do Movimento Moderno no Brasil, assim como para a compreensão da obra do próprio arquiteto Oscar Niemeyer. O CTA possui tipologias e formas que se manifestaram originalmente nesse projeto, assim como foi a oportunidade para o arquiteto experimentar formas e soluções que reverberaram posteriormente, nas suas obras e na linguagem assumida pelo modernismo brasileiro.
Por ser um agrupamento de conjuntos de edificações, o arquiteto usou a forma como elemento de identidade, lançando mão de um repertório formal que foi explorado em obras subsequentes, Brasília especialmente. Por exemplo, o conjunto do ITA, Instituto Técnico de Aeronáutica, é formado por blocos ortogonais opacos, parte deles suspensos por pilotis, protegendo a circulação, bem alinhado com o racionalismo. Já na Biblioteca e no Auditório, que integra o conjunto, usou uma sequência de cinco (5) abóbadas regulares e uma laje inclinada abrigando o auditório num trapézio alongado. Ou seja, identificamos aqui o mesmo contraste de formas curvas e linhas abertas usado na Pampulha, Belo Horizonte. O Laboratório de Estruturas inaugurou uma linha de pesquisa formal explorada em projetos posteriores, como o Clube de Diamantina, MG, (1950) e principalmente na Fábrica Duchen em Guarulhos (SP), 1950, infelizmente demolida. A solução formal para a residências também é recorrente na obra de Niemeyer: o bloco tronco-piramidal, presente no Clube dos 500 (1950) e na residência do arquiteto em Mendes, RJ (1949).
SOBRE O AUTOR
Oscar Niemeyer (1907-2012) tinha quase 40 anos e estava em pleno processo de reconhecimento internacional. Formado há 12 anos já era reconhecido como um jovem promissor por projetos que ganharam notoriedade como o Ministério da Educação e Saúde (1936) e o conjunto arquitetônico do bairro da Pampulha em Belo Horizonte em 1942.Trata-se de um raro projeto onde se aventurou pelo urbanismo e pelo paisagismo, apesar de ter vencido o concurso pela qualidade das edificações, conforme declaração do júri. O projeto para o CTA antecede os projetos de Brasília (1955) que o tornaram um dos mais expressivos arquitetos do Movimento Moderno. Podemos visualizar nas obras do CTA a perfeita sintonia entre a capacidade expressiva do jovem arquiteto e a contribuição da utopia urbanística moderna para o sonho de voar com aviões concebidos e construídos por brasileiros. Uma arquitetura em consonância com as últimas conquistas da técnica, mas sem abrir mão dos ensinamentos da tradição luso-brasileira tal como começava a ser feito pelos arquitetos brasileiros, e particularmente a “Escola Carioca.” Participaram do concurso 5 escritórios. Em segundo lugar ficou o arquiteto Marcelo Roberto, em terceiro, todos os demais na seguinte ordem, a Cia. Brasileira de Engenharia, Benedicto de Barros e Eduardo Affonso Reidy. Deve-se frisar que o CTA foi uma "escola" para a capacitação dos arquitetos que chegaram à cidade com a industrialização. Rosendo Mourão, o primeiro deles, estudava no Rio e desenhava, recém formado, para o escritório de Niemeyer quando veio para São José (detalhar os projetos).