TEATRO MUNICIPAL DE ARARAQUARA CLODOALDO MEDINA
Vista da Avenida Bento de Abreu - Fachadas Sudoeste e Sudeste (s/d). Fonte: acervo do MIS Museu da Imagem e do Som de Araraquara.
O Teatro visto da Avenida circular Mário Arita. Fachada Nordeste (2019). Fonte: acervo dos autores.
O Teatro visto do cruzamento da avenida Bento de Abreu com a circular Mário Arita. Fachadas Sudeste e Nordeste (2019). Fonte: acervo dos autores.
Vista da Avenida Bento de Abreu - Fachadas Sudoeste e Sudeste (s/d). Fonte: acervo do MIS Museu da Imagem e do Som de Araraquara.
Imagens da obra
Planta do pavimento térreo, Pavimento Técnico, 3º Pavimento dos Camarins. Redesenho dos autores.
Corte Esquemático Longitudinal. Redesenho dos autores.
Planta do pavimento térreo, Pavimento Técnico, 3º Pavimento dos Camarins. Redesenho dos autores.
Imagens da obra
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Teatro Municipal de Araraquara “Clodoaldo Medina”.
Data do projeto/construção/inauguração: 1974 / 1975-76/ 1977.
Localização/perímetro: Avenida Bento de Abreu - Praça Lívio Abramo, Araraquara-SP.
Autores do projeto: Arq. Arnaldo Gonzalez Palamone Lepre e Arq. Francisco José Santoro.
Intervenções posteriores: laje de cobertura foi recoberta por telhado de fibrocimento e substituição total da esquadria.
Tamanho do lote e área construída: 11.775,00 m² / 3.100,00 m².
Tombamento: não houve.
Construção: Construtora e Comercial Torello Dinucci Ltda.
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
SOBRINHO, E. L.; SANTORO, F. J.; NUSDEU, R. A. Arquitetura Moderna em Araraquara - Inventário. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 3., 1999, São Paulo. Anais ... São Paulo: IV Bienal de Arquitetura, 1999. p. 1-7.
SOBRE A OBRA
Esta descrição atém-se resumidamente as principais características do projeto original. A construção do Teatro Municipal Clodoaldo Medina, inaugurado em 1977 veio suprir uma lacuna deixada com a perda do antigo Teatro (1915-1965), valiosa contribuição da Sociedade Italiana, que durante 50 anos muito contribuiu para a vida cultural da cidade.
Localizado na principal avenida de exitoso loteamento estritamente residencial, da década de 1950, importante área de expansão urbana, que traz para o município alguns conceitos mais atualizados de uso e ocupação do solo em traçado misto de vias de trânsito local e rápido, circulares e ortogonais de mãos duplas separadas por canteiros centrais: belas alamedas.
A quadra, circundada por três dessas vias arborizadas e rua ao fundo, onde o teatro está implantado, repete o mesmo desenho das outras destinadas aos lotes.
A implantação do edifício, centralizada e perpendicular à Avenida Bento de Abreu possibilitou menor ocupação e área remanescente contínua. Foi desenvolvido detalhado projeto paisagístico buscando integração espacial e de linguagem com a arquitetura, explorando esteticamente célula geométrica que se desdobrou, desde o desenho do piso, nos terraços, espelhos d’água, floreiras, canteiros, bancos e detalhes da edificação como nas saídas de emergência, entrada de serviço, receptáculos e na iluminação da praça.
O edifício está definido por volume prismático de planta retangular medindo 31x65m e 6m de altura, respeitando o gabarito do bairro, assentado sobre o chão da praça e coberto por laje plana, cujo uso proposto pelos autores, visava devolver parcialmente o espaço da Praça Lívio Abramo ocupado pela edificação, oferecendo à cidade generoso belvedere e bar, acessados pelas escadas circulares externas - convite para um passeio pela arquitetura e desfrute da paisagem e do sol araraquarenses. Em decorrência da volumetria do edifício foi necessária escavação parcial do terreno para se acomodar parte do complexo programa resolvida em altura. A partir da plateia o pé-direito aumenta gradualmente atingindo ao fundo altura de quatro pavimentos para abrigar subpalco, palco, três níveis de camarins e demais áreas técnicas. A ampla laje possui fechamento em vidro desde a fachada frontal passando, num jogo de transparência total à opacidade, pelo foyer, galerias que envolvem a plateia, à alvenaria fechando o volume do edifício. A marquise solta; a ampla cobertura nervurada paralela ao chão flutuando sobre vidro, com suas vigas em série arrematadas em setas, acomodando nos seus balanços a curva da laje que define o peitoril; o movimento espiralado das escadas externas, as peças vazadas tronco piramidais contornando as aberturas e volume estampado da caixa cênica conferem identidade visual desejada para o edifício.
IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO
De concepção racionalista no projeto que engloba edifício e praça públicos os autores sugerem uma relação orgânica entre ambos, assim o teatro pode virar praça, que pode virar teatro também. Destacando-se visualmente beneficiado pelo espaço duplicado das vias de acesso, o plano paralelo ao chão que dá abrigo mas não esconde, ao contrário, mostra; é ao mesmo tempo edificação, praças térrea e suspensa: belvedere e bar; diálogo com a paisagem, redistribui; esgota possibilidades de uso numa simples laje em sintonia com as escalas humana e urbana num rico passeio pela arquitetura e pelo paisagismo executados. O concreto armado da sua estrutura independente; dos elementos plásticos marcantes e o conjunto harmonioso de sua esquadria dão expressão estética própria ao conjunto, qualificam e integram os espaços, revelando nos seus amplos vãos e balanços, nas formas esculturais articuladas e soltas no chão singularizado da quadra; ritmo, sombras, texturas, transparências, afastamentos, contrastes, nuances etc, simbolizando esteticamente, a liberdade de expressão com economia de meios e manutenção: basicamente concreto e vidro.
SOBRE OS AUTORES
Arnaldo Gonzales Palamone Lepre (1924-2001). Araraquara-SP. Arquiteto: Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, 1949.
Francisco José Santoro (1944-). Araraquara-SP. Arquiteto: Curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, 1969.
Autores da ficha: Eduardo Lauand Sobrinho, Francisco José Santoro e René Antonio Nusdeu (“In Memorian”).
Data da ficha: Novembro de 2019