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CASA DE LAVOURA DE SÃO CARLOS

São Carlos

Autor: Samuel Szpigel

Imagens da obra

Imagens da obra

FICHA TÉCNICA


Nome da obra: Casa de Lavoura de São Carlos.

Data do Projeto: 1962; inauguração: 1964.

Localização: Rua Bernardino Fernando Nunes, 555, Cidade Jardim, São Carlos-SP.

Autor do projeto: Arq. Samuel Szpigel.

Intervenções posteriores: Fechamento das aberturas do térreo (vide texto de apresentação).

Tamanho do lote e área construída: 2700 m² e 964 m², respectivamente.

Tombamento: não houve.



INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS


ACROPLOE. Casa da lavoura. Samuel Szpigel, arquiteto. Acrópole, São Paulo, Ano 27, n. 324, p. 30-31, dez. 1965.

BERGANTIN, R. Arquitetura Moderna no Brasil e sua difusão. O Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo (1958-1961). Levantamento e registro documental. Relatório final de iniciação científica. Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016 (mimeo).

KLINTOWITZ, J. Samuel Szpigel. São Paulo: Galeria de Arte de São Paulo, 1984).

LIMA, C. N. Análise arquitetônica de equipamentos públicos escolares produzidos pelo Plano de Ação (1959-1963). Relatório final de iniciação científica. Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016. (mimeo).

SOBRE A OBRA


Contemplado com o 1º prêmio “Governador do Estado” no XI Salão Paulista de Arte Moderna, o projeto da Casa de Lavoura de São Carlos, de autoria do arquiteto Samuel Szpigel, começou a ser construído em 1962, sendo inaugurado no ano de 1964, abrigando atividades típicas de uma delegacia agrícola. O edifício tira partido da declividade do lote, que apresenta um desnível considerável entre o acesso da via principal e o acesso posterior, na via oposta e paralela. Localizado em região privilegiada na cidade de São Carlos, na zona alta do município e com ampla vista para o vale que se abria à sua parte posterior. O programa da Casa de Lavoura, originalmente, organiza-se em três pavimentos, concentrando nos pisos superior e térreo, respectivamente, o bloco administrativo. O térreo possuía um grande vão de acesso franqueado, a direita de quem entra localizavam-se alguns escritórios e à esquerda um pequeno auditório, o grande vão dava acesso a uma laje ao ar livre, conformando um grande terraço de livre de acesso à população, com bela vista para a parte mais baixa da cidade. Mesmo fora dos horários de funcionamento do edifício, quando o prédio está fechado, a população podia usufruir do local através de atividades como exposições ao ar livre, feiras etc. No piso superior, também se localizavam escritórios técnicos e áreas de apoio. A laje era, também, cobertura do subsolo em relação à cota da rua de entrada, que em relação à rua de acesso posterior encontrava-se no seu nível, abrigando a garagem e o depósito de sementes. Assim, há um acesso à Casa de Lavoura pelo bloco administrativo, localizado à rua Bernardino Fernando Nunes, e outro pela rua que serve o fundo do lote, para a garagem e depósito de sementes e, também, o pátio de manobra dos caminhões. Na laje/terraço, há uma escada que dá acesso à garagem.

O edifício está orientado no sentido leste-oeste, de forma que os ambientes de maior permanência, ou seja, as salas de expediente (veterinário, zootecnista, assistência técnica etc), recebam o sol apenas durante a manhã, mantendo os ambientes confortáveis no período da tarde. Esta decisão do arquiteto é bastante adequada para a época em que a Casa de Lavoura foi construída, quando o expediente funcionava apenas no período da tarde. As elevações do edifício eram organizadas em módulos iguais e constantes, contendo esquadrias basculantes em fita de ferro e vidro e paredes de vedação com revestimento de reboco liso claro. Diferenciava-se apenas no módulo que contém as escadas, que, na fachada leste, era trabalhado como um volume opaco em destaque. A elevação oeste, no pavimento superior, continha esquadrias apenas na parte superior e acima do vão de acesso do térreo uma grande caixilharia de vidro que ocupava todo o pé-direito, recuada, conformando um terraço. As empenas laterais de concreto aparente são cegas, com desenho de trapézio, com a base menor tocando o chão, o que imprime uma leveza ao conjunto. A linguagem moderna manifesta-se na estrutura independente de concreto armado, na cobertura plana com a caixa d’água em destaque. Atualmente, o edifício abriga a sede da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Carlos, encontrando-se em bom estado de conservação. As reformas que ocorreram respeitaram parcialmente a linguagem formal do edifício, apesar da ocorrência de algumas alterações significativas em sua espacialidade original, especialmente, o fechamento das aberturas do térreo perdendo a fluidez espacial do térreo livre e o acesso público ao prédio.



IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO


O edifício em lâmina com o térreo parcialmente livre trouxe uma nova proposta de uso a um edifício público, ao permitir que a população usufruísse do espaço térreo como uma grande praça de eventos. A implantação, em ponto alto da cidade, deu visibilidade ao projeto, que trazia a nova arquitetura em suas esquadrias amplas e com desenho linear, em sua cobertura plana, e no uso de materiais modernos como o concreto aparente. Apesar das modificações ocorridas ao longo dos anos de uso, o edifício ainda mantém sua linguagem moderna próxima à concebida originalmente, constituindo-se um exemplar de arquitetura moderna de bastante relevância para a cidade de São Carlos.



SOBRE OS AUTORES


Samuel Szpigel nasceu em 1963 na cidade do Rio de Janeiro. Formou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie em 1960. Em 1968, lecionou no ICA – Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. De 1971 a 1974, foi redator das revistas “Arquitetura e Construção” e “Projeto e Construção”. Nos anos de 1987, 1989, 1993 e 1995 foi professor de Edificação na Faculdade de Arquitetura da Escola de Belas Artes em São Paulo. De 1975 a 2003 foi professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos (FAUS). Com uma rica trajetória profissional, Szpigel dedicou-se, sobretudo, às artes plásticas. Participou de inúmeras exposições coletivas, dentre as quais se destacam, no cenário nacional: Bienal de São Paulo, Salão Paulista de Arte Moderna, Salão de Abril no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Exposição de Iconografia de Massa e o Artista Brasileiro na “ESDI” do Rio de Janeiro, Exposição na “Maison de France” em São Paulo, Exposição “Artista de Vanguarda” no Museu de Arte de Porto Alegre e Exposição “Panorama da Arte Brasileira” no Museu de Arte Moderna de São Paulo; e, no exterior: Bienal de Barcelona, Espanha, e “20 Artistas Brasileños” em Santiago, Chile. Teve importante papel no Movimento “Proposta” em São Paulo, e foi um dos expositores da mostra “Nova Objetividade” realizada no MAM – RJ, ambos em 1965. Teve seu trabalho reconhecido em diversos prêmios, dentre os quais: 1º Prêmio Governo do Estado no 11º Salão Paulista de Arte Moderna (1962) e Prêmio Itamaraty na IX Bienal de São Paulo (1967).

Autores da ficha: Miguel Antonio Buzzar, Caroline Niitsu de Lima, Jasmine Luiza S. Silva, Miranda Zamberlan Nedel, Rachel Bergantin, e  J. Pego de Melo, Camila Venanzi, Angelica Irene da Costa, D. Lemos (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – IAU USP).

Data da ficha: Fevereiro de 2020

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