TEATRO MUNICIPAL DE SANTOS
Santos
Autor: Oswaldo Corrêa Gonçalves, Júlio Roberto Katinsky e Abrahão Sanovicz
Vista do corpo principal do teatro (2010). Fonte: fotografia de Marcos Piffer
Vista da entrada principal (2010). Fonte: fotografia de Marcos Piffer.
Interior: foyer (2010). Fonte: fotografia de Marcos Piffer.
Vista do corpo principal do teatro (2010). Fonte: fotografia de Marcos Piffer
Imagens da obra
Planta do pavimento térreo. Fonte: redesenho da autora da ficha.
Planta do 2º pavimento. Fonte: redesenho da autora da ficha
Corte longitudinal e elevação lateral direita. Fonte: redesenho da autora da ficha.
Planta do pavimento térreo. Fonte: redesenho da autora da ficha.
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Teatro Municipal de Santos.
Data do projeto/construção/inauguração: 1961 / 1979.
Localização/perímetro: Av. Pinheiro Machado, 48 – Bairro Vila Mathias, Santos-SP.
Autor do projeto: Arquitetos Oswaldo Corrêa Gonçalves, Júlio Roberto Katinsky e Abrahão Sanovicz
Intervenções posteriores: Colocação de grades, alteração de uso dos espaços, entre outros.
Tamanho do lote e área construída: aprox. 12.500 m² / 5.130,00 m².
Tombamento: não houve.
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
MACEDO, C. C. F. Teatro Municipal de Santos: (re)apropriação do espaço moderno. 2008. Dissertação (Mestrado em Projeto de Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2008.
SOBRE A OBRA
Na década de 1950, a ideia de construção do Teatro Municipal de Santos surgiu da necessidade de abrigar um dos movimentos artísticos mais importantes da cidade: o teatro amador. Oswaldo Corrêa Gonçalves, Júlio Roberto Katinsky e Abrahão Sanovicz, elaboram a primeira versão do projeto, em 1961, que ganhou atenção da crítica e da mídia. O projeto foi retomado seis anos mais tarde (em 1967) em um novo terreno, com área de aproximadamente 12.500 metros quadrados e significativamente maior que o primeiro. O novo projeto manteria todos os conceitos da primeira versão: a fluidez e permeabilidade dos espaços, o caráter social e a preocupação com a tecnologia aplicada. Foi mantida a tipologia (inspirada no Teatro Nacional de Brasília, de Niemeyer, em 1960): um único volume pesado e referencial na paisagem, liberando o restante do terreno para uma “praça” permeável em relação à malha urbana e ganhando a fluidez necessária para um equipamento de caráter coletivo. Esta praça, agora acrescida em tamanho, assumiu grandes dimensões e passa a conter vasta área de sombra oferecida pela projeção de uma grande marquise em concreto armado. Adições importantes ao programa original foram feitas, em sua maioria, sob a extensa laje, como a inserção da biblioteca, da escola de arte e de um restaurante. A escola contaria com atelier, auditório experimental (com pé-direito alto, cabine de som e iluminação), salas para aulas de música (e gravação), camarins e vestiários (para aulas de arte-dramática). Sobre a marquise, o local de recepção do público para o acesso aos espetáculos, com uma bilheteria, chapelaria e duas escadarias - uma envidraçada que leva ao foyer e outra que faz a conexão com a rua. O bloco principal do edifício é composto pelo teatro e suas dependências. É possível dividi-lo em três setores distintos. O primeiro destinado às salas de ensaio e camarins, composto por cinco pavimentos com acesso pela fachada posterior do teatro. O segundo setor é equivalente ao teatro em si: palco e backstage, plateia e cabine de projeção de iluminação e som. Ainda neste setor, em um nível superior, está abrigada a escola de ballet. Na terceira porção localiza-se o foyer, com uma galeria para exposições de arte integrada, ocupando dois pavimentos. O acesso ao teatro se realiza de dois modos: pelo nível da rua (térreo) e por meio da grande laje (primeiro pavimento). A relação palco/plateia proposta na primeira versão permaneceu inalterada: a ideia era a criação da “plateia única”, sem diferenciação de níveis e visuais, e, portanto, sem divisões sociais estabelecidas pelos preços de acordo com o posicionamento dos lugares distribuídos no teatro. O Teatro Municipal de Santos foi inaugurado em 10 de março de 1979
IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO
É possível dizer que o Teatro Municipal de Santos é um legítimo exemplar da vanguarda arquitetônica conhecida por brutalismo paulista. Esta corrente ganhou expressão e identidade a partir da obra de um grupo de arquitetos que, liderados por Vilanova Artigas, produziram uma arquitetura cuja linguagem espacial estava pautada pela ênfase na técnica e nos processos construtivos, independente do programa do edifício. O uso do concreto armado aparente, conferindo expressividade à estrutura, e a utilização de materiais em sua forma bruta, sustentavam o conceito de “verdade dos materiais”. Austeridade confirmada pelo rigor da forma e volume, determinados por aspectos funcionais na constituição de uma espacialidade que transcendia os valores materiais, não havia concessão para gratuidades. Além do Teatro Municipal a cidade de Santos teve a oportunidade de construir outros exemplares com estas mesmas características, neste sentido, vale destacar a Sede do Clube XV projetada pelos arquitetos Francisco Petracco e Pedro Paulo de Mello Saraiva, a Escola Acácio Sampaio, do arquiteto Décio Tozzi, a Rodoviária de Santos dos arquitetos Flavio Pastore e Luigi Villavecchia.
SOBRE OS AUTORES
Oswaldo Corrêa Gonçalves nasceu em Santos, em 1917, formou-se engenheiro-arquiteto, em 1941, e engenheiro civil, em 1944, pela Escola Politécnica de São Paulo. Atuou efetivamente pela autonomia e valorização da profissão de arquiteto (presidente do IAB/SP entre 1961 e 1963) e na defesa da independência do curso de arquitetura. Foi atuante na divulgação da arquitetura brasileira e internacional através da organização de eventos como o IV Congresso de Arquitetura de São Paulo, das seções de arquitetura de diversas Bienais de Arte de São Paulo e das duas primeiras Bienais Internacionais de Arquitetura, em 1973 e 1993. Conjuntamente com vários colegas de profissão realizou diversos projetos na capital (São Paulo), em Santos (e Baixada Santista), além do interior do estado. Fundou a FAU-Santos em 1976, onde exerceu, também, a função de Diretor.
Júlio Roberto Katinsky nasceu, em 1932, em Salto (SP) e se formou, em 1957, pela FAU-USP. Além da atuação como arquiteto – principalmente durante as décadas de 1960 e 1970 –, boa parte da sua carreira foi destinada ao meio acadêmico, na área de pesquisas e no âmbito do ensino pela USP.
Abrahão Velvu Sanovicz nasceu em Santos, em 1933. Formou-se, em 1958, na FAU-USP. Venceu concursos importantes a exemplo do concurso público nacional para o Iate Clube de Londrina (PR), em 1959, com Júlio Katinsky e Walter Toscano. Com outros arquitetos como Nestor Goulart Reis, Júlio Roberto Katinsky e Benedito Lima de Toledo, estudou a fundo a obra de Lúcio Costa. Participou da estruturação do departamento de projetos da FAU-Santos.
Autores da ficha: Christiane Costa Ferreira Macedo.
Data da ficha: Dezembro de 2019