EDIFÍCIO ITAMARATY (ARCO ÍRIS)
Santos - SP
Autor: Zenon Lotufo

Vista da fachada principal (2019). Fotografia de: Eduardo Maurell Lobo Pereira.

Maquete. Fonte: Acropole (1957, p.30).

Vista da fachada principal (2019). Fotografia de: Eduardo Maurell Lobo Pereira.
Imagens da obra

Planta andar térreo. Acropole (1957, p. 30).

Plantas diversas. Acropole (1957, p. 30).

Planta andar térreo. Acropole (1957, p. 30).
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Edifício Itamaraty (Arco Íris).
Data da construção: 1957.
Localização: Rua Marechal Floriano Peixoto, nº32, Gonzaga, Santos-SP.
Autores arquitetos (as): Arq. Zenon Lotufo. (Proprietário: Imobiliária Itararé Ltda.)
Intervenções posteriores: substituição do guarda corpo original em bloco cerâmico das varandas por metálico, mas obedecendo o desenho original em curva.
Tamanho do lote e área construída: Lote com aproximadamente 800 m² e área construída estimada em 7.000 m²
Tombamento: imóvel não está inserido em nenhum programa de preservação
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
ACROPOLE. Edifício de apartamentos. Acropole, São Paulo, Ano 19, n. 228, p. 30-31, out. 1957.
ALVES, J. F. Arquitetura à Beira Mar: Santos entre 1930 e 1970. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
MODENESE FILHO, E. Entre linhas e curvas: a teoria e a prática na obra de Zenon Lotufo. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
___________________. Zenon Lotufo da tradição clássica a produção moderna. Arquitextos
(Vitruvius), São Paulo, jan.2019.
Disponível em: < https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/19.224/7262 >
Acesso em: 27 nov. 2019.
SOBRE A OBRA
O Edifício Arco Iris hoje Itamaraty é um exemplar de 12 pavimentos. Seu programa arquitetônico contempla lojas comerciais, garagem, andar tipo com três confortáveis apartamentos de dois e três dormitórios, sala, cozinha, quarto de empregada, banheiro e terraço. Possui ventilação e iluminação natural em todas as suas faces. Além disso, foi projetado originalmente um espaço de lazer na cobertura, com salão de festa, biblioteca e um terraço jardim, uma das características da arquitetura do período modernista.
Implantado em local privilegiado já que está na projeção final de um logradouro, chama a atenção por conta das varandas sinuosas que circundam a planta quadrangular, criando a percepção de que o corpo do edifício as acompanha. A circulação vertical se dá através de uma escada circular e dois elevadores que abrem para o hall de distribuição dos apartamentos. Possui as características da feição modernista dos edifícios multifamiliares construídos na cidade de Santos.
IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO
O Edifício Itamaraty transformou em definitivo a paisagem do Bairro do Gonzaga, onde está implantado e demonstra uma qualidade formal e estética que o transformou em um marco do movimento moderno na cidade de Santos. As suas características marcantes fazem com que se consolide dentro do ideário das obras modernistas e de gosto popular. O Itamaraty é um exemplar da conexão que os preceitos da Arquitetura Moderna trouxeram para a arquitetura do cotidiano, do consumo, de uma sociedade em expansão econômica e cultural.
SOBRE OS AUTORES
O arquiteto Zenon Lotufo é formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e teve como base da sua formação o academicismo tradicionalista. Terminou seus estudos em 1936, mas rapidamente preocupado com as mudanças de seu tempo obedeceu a transição natural ao modernismo com construções em concreto armado.
Em Santos além do edifício Arco Iris, hoje Itamaraty, Zenon, a convite de Roberto Simonsen trabalhou como diretor do setor de obras do município realizando grandes projetos como os Postos de Salvamento da orla, o Orquidário além de ser responsável pela construção do antigo edifício do Aquário Municipal no ano de 1943/1945; somando-se a isso a execução do Código de Obras de Santos e São Vicente.
Fez parte da equipe vencedora do concurso do edifício sede do IAB em 1946-7 e trabalhou com Niemeyer junto ao projeto do Parque Ibirapuera nos anos 1950 em São Paulo.
Sua tese elaborada para o concurso de professor da cadeira de “Composição de Arquitetura. Pequenas Composições I. Desenho Arquitetônico. Plástica 1” da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 1956, desenvolve a ideia de que na arquitetura contemporânea deveria prevalecer a conquista do espaço psicológico para o homem, que não se define em função de medidas exatas, mas através da proporção do corpo humano e pela sensibilidade que o arquiteto deve ter para atingir o seu objetivo – plástica, cor volumes, contrastes ou seja a própria vida.
A arquitetura de Zenon Lotufo tem o caráter de um amadurecimento característico dos profissionais que tiveram uma formação tradicional e aos poucos se desprendem dessa tradição adaptando-se a novos conceitos e materiais. No caso de sua produção para a cidade de Santos, o edifício do Aquário Municipal possui feição de uma herança construtiva portuguesa, remetendo-se a uma expressão neocolonial com telhado cerâmico e revestimento em pedras irregulares na base do edifício. Além do edifício Itamaraty Zenon demonstrou sua maturidade modernista no projeto e obra da Fábrica de Fertilizantes de Cubatão de 1957.
Zenon Lotufo também teve em sua carreira a experiência política, sendo prefeito de Campos do Jordão e elaborando o Plano Diretor dessa cidade em 1946.
A obra moderna de Zenon é pautada pela clareza técnica da função e da forma, do equilíbrio estético com o emprego exato de materiais demonstrando sua transição do tradicional, passando pela escola carioca e finalmente culminando no brutalismo paulista. Dedicou sua vida à arquitetura e ao ensino.
Autores da ficha: Jaqueline Fernández Alves.
Data da ficha: Julho de 2019