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FÓRUM DE AMPARO

Amparo - SP 

Autor: Oswaldo Arthur Bratke

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Fórum de Amparo, Amparo-SP.
Data do projeto: 1960 / construção / inauguração: 1963
Localização: Rua Washington Luís, 55 - Centro, Amparo-SP
Autor do projeto: Arq. Oswaldo Arthur Bratke.
Intervenções posteriores: O átrio ou saguão de acesso do equipamento no pavimento térreo que ocupava o seu terço central indo da elevação frontal à posterior, era inicialmente aberto em relação à rua, e atualmente é fechado por uma cortina de vidro. Este saguão internamente, foi seccionado por um volume, que interrompe a continuidade espacial inicial. Além disso, um telheiro e um pequeno volume foram construídos na sua lateral direita.
Tamanho do lote: 1345m² e área construída: 1.645m². 

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

BUZZAR, M. A; CORDIDO, M. T. R. L. B. Difusão da Arquitetura Moderna Brasileira. O Caso do Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo (1959-1963). In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 7., 2007. Porto Alegre; Anais. Porto Alegre: UFRGS, 2007. p. s/p
BUZZAR, M. A; CORDIDO, M. T. R. L. B.; SIMONI, Lúcia N. Patrimônio Moderno no Estado de São Paulo: equipamentos públicos produzidos Plano de Ação do governo Carvalho Pinto (1959-1963). In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DA ACADEMIA DE ESCOLAS DE ARQUITETURA E URBANISMO DA LÍNGUA PORTUGUESA (AEAULP), 3., Arquiteturas do Mar, da Terra e do Ar/ Arquitetura e Urbanismo na Geografia e na Cultura., Lisboa, 2014. p. 19-55.
BUZZAR, M. A. et al. Arquitetura moderna no Estado de São Paulo: difusão e dimensão social através de equipamentos públicos produzidos pelo Plano de Ação do Governo Carvalho Pinto - PAGE - (1959 - 1963). Reabilitação do patrimônio arquitetônico e edificado e sua dimensão cotidiana. Bauru. Ano 1, n. 1, p. 101-111, 2016.
CORDIDO, M. T. R. L. B. Arquitetura forense do Estado de SP: Produção entre as décadas de 50 e 90 do séc. XX, sob a influência da arquitetura moderna. In: ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE DO IFCH/UNICAMP, 1., 2004, Campinas. Revisão Historiográfica o Estado em Questão. Campinas: IFCH UNICAMP, 2004. v. 3. p. 45-53. 
CORDIDO, M. T. R. L. B. Edifícios públicos. Arquitetura forense: arquitetura moderna questionando a simbologia e mitos do Poder Judiciário no Estado de São Paulo. Risco. São Carlos, ano 6, n. 7, p. 39-48, jan. 2008. 
CORDIDO, M. T. R. L. B. Arquitetura Forense 'Moderna' Em São Paulo: Revendo Tradições. Revista de Criminologia e Ciências Penitenciárias, São Paulo, ano 2, n 1, p. s/p, mar. 2012. 
CORDIDO, M.T.R.L. B., Arquitetura Forense do Estado de São Paulo: Produção moderna, antecedentes e significados, 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2007.
SEGAWA, H. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: Pro Editores, 1997.

SOBRE A OBRA

O Fórum é conformado por um único corpo edificado de contorno retangular, com abertura central para um átrio de distribuição de acessos que perpassa, originalmente, todo o piso térreo, emprestando à edificação um caráter de logradouro público. O volume único impõe clareza quanto a legibilidade, reforçada pelos elementos que revestem e compõem as suas elevações, geométricos e de formas precisas. A clareza formal da elevação frontal, justamente, anuncia os pressupostos modernos de toda a edificação, como a economia dos meios, o (inicial) franqueamento do acesso da rua ao edifício, a estrutura independente, dentre outros. 
A estrutura independente, deixa a vista os apoios horizontais e verticais e os travamentos, marcando a volumetria horizontal e revela também o assentamento de sua base, que se solta e se eleva do solo com vigas aparentes.
Ainda sobre a elevação frontal, vale destacar sua composição tripartida, de duas empenas cegas, com placas de arenito aparelhadas na tonalidade ocre e elementos vazados de concreto e um vão central de acesso, hoje fechado com pele de vidro (entrada). Sendo, inicialmente, vazada dava livre acesso ao átrio de distribuição de pé direito duplo, ratificando a ideia de um pátio abrigado por onde através dele, seria possível uma apropriação pública dos cartórios, arquivos e ambientes de maior fluxo, além de outros mais restritos, como as celas.
O pavimento superior abriga gabinete dos juízes e promotores, salas de audiência, comissário de menores, advogados, oficiais de justiça e salão do júri, locais de uso mais restritos da justiça.
Sua acomodação em um terreno plano, em uma região de relevo acentuado do município de Amparo, confere certo aspecto monumental, corroborando conjuntamente a sua volumetria, para esse destaque, a sua singularidade no ambiente urbano no qual está inserido ao lado da antiga Cadeia e Fórum, defronte a uma praça que contém um mirante para a cidade, cuja predominância é das construções com arquitetura eclética de pequena volumetri

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

Quer pelo átrio/saguão que trazia a dinâmica da rua para dentro da edificação, acentuando o caráter público que o Fórum deveria emanar, o edifício, também, renova a distribuição hierárquica habitual dos edifícios da justiça identificados na produção de São Paulo até o final da década de cinquenta, do século XX. Isto, na medida em que há um deslocamento do júri (oposição a sua centralidade que organizava os espaços internos rebatidos simetricamente) em função dos espaços franqueados.
Esta concepção, compartilhada através de várias soluções com outros arquitetos que projetaram para o PAGE, estabeleceu um compromisso social, no caso acentuando os valores republicanos que o Fórum deveria conter e promover, da arquitetura moderna, que no período revestiu-se de grande significado.

SOBRE OS AUTORES 

Oswaldo Arthur Bratke (Botucatu, 24 de agosto de 1907 / São Paulo, 6 de julho de 1997) foi um dos principais nomes da arquitetura paulista.
Ingressa no curso de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1926, e estudante abriu um escritório com colegas de sua turma. Foi contemplado com a medalha de ouro na Seção Universitária do 4º Congresso Pan-Americano de Arquitetura do Rio de Janeiro em 1930 e venceu o concurso de projeto para o Viaduto Boa Vista, em São Paulo, no mesmo ano. Dois anos depois de formado como engenheiro-arquiteto, em 1933, abre escritório com o colega Carlos Botti. Na década de 1930, projetaram e construíram mais de 400 residências de extração eclética. A partir de 1940, Bratke se envolveu com a urbanização do Jardim do Embaixador, em Campos do Jordão, São Paulo, projetando um bar e restaurante, algumas residências e o Grande Hotel Campos do Jordão. Trabalhou em São Vicente, São Paulo, na urbanização da Ilha Porchat, em 1942. Progressivamente se distanciou do canteiro de obras, concentrando-se em projetos residenciais - ao mesmo tempo que foi se aproximando dos procedimentos e da linguagem moderna. Nessa década projeta alguns edifícios em São Paulo, entre os quais o Jaçatuba (1942), e o ABC (1949) - um dos primeiros edifícios multipisos a adotar a curtain-wall. Em viagem aos Estados Unidos, particularmente, na Califórnia, em 1948, conheceu algumas obras de Richard Neutra (1892-1970) e Frank Lloyd Wright (1867-1959), o que parece ter contribuído para conformação de sua interpretação do modernismo. No mesmo ano, sua casa-ateliê da rua Avanhandava, de 1947, foi publicada na Arts & Architecture, periódico californiano que promovia a arquitetura moderna internacional. Em 1950, trabalhou na urbanização do bairro Paineiras, no Morumbi, projetando inúmeras residências, dentre as quais a sua, em 1951, que obteve menção especial na Exposição Internacional de Arquitetura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, e a residência do colega Oscar Americano, em 1952 - obras reconhecidas pela utilização de coberturas planas e pela utilização de cheios e vazios permitindo um paisagismo renovador, também, conjugado pérgulas e elementos vazados. Foi eleito presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo (IAB/SP) por duas gestões, de 1951 até 1954, ano em que participou do júri de arquitetura da 2ª Bienal Internacional de São Paulo, e do 4º Congresso Brasileiro de Arquitetos. Foi membro da comissão do 4º Centenário de São Paulo. Um desafio profissional se apresentou quando contratado pela Indústria e Comércio de Minérios S.A. (Icomi) com o objetivo de projetar dois núcleos urbanos na mineradora no Amapá, em 1955. Durante cinco anos elaborou os planos urbanos, os projetos das residências e todos os equipamentos necessários para as vilas de Serra do Navio e Amazonas - estudando os costumes locais, estabelecendo pequenas oficinas de elementos construtivos, desenhando mobiliários e objetos específicos e, apresentando soluções de conforto térmico apropriadas para o clima amazônico. Após o fim do contrato com a Icomi, retomou o trabalho no escritório e, sendo um profissional de destaque, participou de várias comissões julgadoras de concursos, entre eles o do Paço de Santo André, 1965. Nesse ano, teve uma sala especial na 8ª Bienal Internacional de São Paulo, e em 1987 foi homenageado com uma exposição de sua obra no (IAB/SP) pelos 80 anos de vida. Nas décadas de 1960, 1970 e 1980 se concentrou em consultorias de planejamento urbano, além de projetar os planos de urbanização de bairros novos no Morumbi e conceber o plano piloto de Vila Santana e Porto Grande, no Amapá. Aos 89 anos, foi homenageado na 2ª Bienal Internacional de Arquitetura do Brasil, em Salvador, em 1996. (SEGAWA, 1997)

Autores da ficha: Maria Tereza R. L. de Barros Cordido, Miguel Antonio Buzzar, Caroline Niitsu de Lima, Jasmine Luiza S. Silva, Miranda Zamberlan Nedel, Rachel Bergantin, e Kelly Yamashita (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP).

Data da ficha: Fevereiro de 2020

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